
Acompanhado ao piano por Ivari Ilja, Hvorostovsky demonstrou as espantosas nuances de alguém que sabe expor o contido negrume das canções sobre a morte de Tchaikovsky ou Modest Mussorgsky, derivando depois para o calor afectivo de composições de autores como Alexander Borodin ou Sergei Rachmaninov (admirável interpretação de Ne poi krasavitza pri mne / Não cantes mais para mim, op.4 nº 4) — ele é, afinal, um verdadeiro narrador da nobre arte do canto, justificando a aplicação da expressão alma russa para definir a densidade e o fulgor da sua voz e da sua presença intensa, mas sempre sóbria.