No panorama contemporâneo do violino, o lituano Gidon Kremer (n. 1947) é uma referência obrigatória. A sua carreira internacional — com um capítulo espe-cialmente significativo resultante da sua ligação à orquestra de câmara Kremerata Baltica (por ele fundada em 1996) — é uma paisagem de diversidade que, no entanto, nunca se perde numa mera exibição de virtuosismo. A Deustsche Grammophon, com quem mantém uma ligação exclusiva desde 1986, acaba de lançar The Many Musics of Gidon Kremer (integrado na série "retrato de artista"), magnífica antologia de dois CDs através da qual podemos descobrir ou redescobrir o esplendor da arte de Kremer. Para além dos compositores mais "óbvios" — Brahms, Mozart, Beethoven (espantosa interpretação da Sonata op. 30, nº. 2) — há ainda, por exemplo, Philip Glass, Alfred Schnittke (prodigioso Concerto grosso nº 1) e Astor Piazzolla (este no final do segundo disco, numa zona de gravações inéditas). São sons de um violino que se dá bem com esta pluralidade de territórios, afinal de contas celebrando as especificidades de cada obra que aborda.