
Começou tudo com Frank (2003), álbum que exibia o "inacabamento" sem remorso de uma jam session, sem que isso o impedisse, bem pelo contrário, de coleccionar pérolas de intimisto e ironia como Stronger Than Me, Fuck Me Pumps e I Heard Love Is Blind. Agora, face ao novo e esplendoroso Back to Black, podemos descobrir Rehab, Back to Black, Love Is a Losing Game, etc. e dizer apenas que se trata de... mais do mesmo. Com a verdade nos enganaremos. Porque Winehouse tem esse dom raro de transfigurar cada canção num acontecimento único, como se se tratasse de inventar pequenas cortinas de fumo com que ocultamos e revelamos os sobressaltos dos nossos vulneráveis corações e pensamentos. Para os mais dados às biografias, talvez seja importante não esquecer que a senhora nasceu em Inglaterra, tem 23 anos e canta com a crueza desencantada de uma veterana que sobreviveu a todas as reformas. Oxalá saiba envelhecer.