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Crianças e armas — e um campo de minas à volta. Todo o impacto emocional do filme
As Tartarugas também Voam começa pelo poder do seu realismo e, mais do que isso, pelo
efeito de verdade que dele emana. Cineasta de origem curda, nascido no Irão, em 1969,
Bahman Ghobadi continua, assim, a filmar as convulsões de um mundo em que as mais básicas certezas de sobrevivência quotidiana não estão garantidas. Dele conhecíamos
Um Tempo para Cavalos Bêbedos (2000), também uma odisseia de fronteira, entre Irão e Iraque. Agora, num campo de refugiados do Curdistão, algures na passagem do Iraque para a Turquia, Ghobadi filma personagens que fazem da sua condição trágica o motor da sua própria resistência. É um belo
filme político, desses que nos dizem que ser político não é escolher a "tendência", o "partido" ou a "cor" certa, mas manter os olhos disponíveis para ver e compreender o mundo à nossa volta.
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