domingo, dezembro 31, 2006

Crianças do Curdistão

Crianças e armas — e um campo de minas à volta. Todo o impacto emocional do filme As Tartarugas também Voam começa pelo poder do seu realismo e, mais do que isso, pelo efeito de verdade que dele emana. Cineasta de origem curda, nascido no Irão, em 1969, Bahman Ghobadi continua, assim, a filmar as convulsões de um mundo em que as mais básicas certezas de sobrevivência quotidiana não estão garantidas. Dele conhecíamos Um Tempo para Cavalos Bêbedos (2000), também uma odisseia de fronteira, entre Irão e Iraque. Agora, num campo de refugiados do Curdistão, algures na passagem do Iraque para a Turquia, Ghobadi filma personagens que fazem da sua condição trágica o motor da sua própria resistência. É um belo filme político, desses que nos dizem que ser político não é escolher a "tendência", o "partido" ou a "cor" certa, mas manter os olhos disponíveis para ver e compreender o mundo à nossa volta.

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