domingo, setembro 10, 2006

A confirmação de Regina Spektor

Depois dos sinais encorajadores do anterior Soviet Kitsch, o novo disco da jovem cantaurora russa crescida e educada em Nova Iorque promete dela fazer uma das cantauroras de referência para a geração 00. A Perestroika permitiu-lhe sair de Moscovo com a família, e aos nove anos de idade viu-se em Nova Iorque, onde a exposição à música de Joni Mitchell e Ani di Franco se mostrou determinante paleta de iniciação a novas influências. A sua música hoje revela ainda a presença de Billie Holliday, Tori Amos e Patti Smith, cruza genéticas captadas na música clássica, na folk, na alma russa, revela um gosto pela literatura que se descodifica em referências a nomes como Scott Fitzgerald, Hemingway ou Boris Pasternak… Regina Spektor escreve assumidas ficções, luminosidade ou introspecção projectadas em personagens não necessariamente autobiográficas. Aqui fica o primeiro teledisco de Begin To Hope. A canção, Fidelity, é uma das "canções do ano". N.G.

Não é todos os dias que podemos descobrir um teledisco em que o conceito visual e o dispositivo narrativo, para além da sua coerência e equilíbrio(s), se adequam tão exemplarmente à própria canção que se filma. Escusado será dizer que este Fidelity é mais um exemplo — entre dezenas, ou mesmo centenas — de uma produção de videoclips que continua a ser olimpicamente ignorada pelas televisões generalistas, mais ocupadas em promover "canções da minha vida" com o espírito (ou melhor, a falta de espírito) de um pensamento velho, esclerosado e, em boa verdade, sem nenhum gosto pela vitalidade criativa que as memórias nos podem trazer. J.L.



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