Juliette Binoche é, de uma só vez, uma verdadeira estrela e uma actriz cujos riscos desmentem a mera preocupação de manter uma certa "imagem de marca". De novo o podemos confirmar em Alguns Dias em Setembro, estreia na realização de Santiago Amigorena, argumentista de origem argentina radicado em França. Trata-se de uma história centrada em Irène (Binoche), personagem do mundo da espionagem que se envolve no drama de Elliott (Nick Nolte), espião que, alguns dias antes de 11 de Setembro de 2001, parece saber coisas que mais ninguém sabe — inesperadamente, os conflitos de Elliott possuem uma perturbante dimensão familiar em que Irène se vai envolver por razões genuinamente afectivas. Falando da encruzilhada da sua personagem, Binoche refere assim a sua "inocência" e a sua "culpa":
"Ao partir para esta aventura, Irène corre, realmente, o risco de morrer. Creio que o faz para reconquistar uma certa inocência, um pouco como uma filha que tenta refazer o laço com o pai. (...) sente-se culpada porque, sendo agente secreta, sabe que vive num ninho de víboras. Ela própria reconhece que trabalhou para as duas partes, os ocidentais e os árabes. E é a primeira a saber que os “bons” não estão de um lado e os “maus” do outro – de ambos os lados, há pessoas que agem por razões de poder, sexo ou dinheiro. (...) Para ela trata-se de reencontrar, talvez, uma espécie de dignidade." (extracto de uma entrevista a publicar amanhã, dia 15, na revista "6ª" do Diário de Notícias).
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"Ao partir para esta aventura, Irène corre, realmente, o risco de morrer. Creio que o faz para reconquistar uma certa inocência, um pouco como uma filha que tenta refazer o laço com o pai. (...) sente-se culpada porque, sendo agente secreta, sabe que vive num ninho de víboras. Ela própria reconhece que trabalhou para as duas partes, os ocidentais e os árabes. E é a primeira a saber que os “bons” não estão de um lado e os “maus” do outro – de ambos os lados, há pessoas que agem por razões de poder, sexo ou dinheiro. (...) Para ela trata-se de reencontrar, talvez, uma espécie de dignidade." (extracto de uma entrevista a publicar amanhã, dia 15, na revista "6ª" do Diário de Notícias).