Durante 42 anos o programa apostou num formato que, mais alteração, menos aleração, nunca se afastou muito de uma receita de meia hora de exposição da música mais popular da semana anterior, contando com os artistas em estúdio para as apresentar... em play back. Esta, de resto, era a opção mais contestada do programa, não tendo faltado quem, sem deixar de comparecer, não aceitasse o jogo. Em 1995, por exemplo, os Oasis apresentaram Roll With It com os manos Noel e Liam Gallagher a trocar de lugar, o primeiro a fingir de vocalista, o segundo de guitarrista. Anos antes, os Wonderstuff “tocaram” um dos seus êxitos, com o guitarrista de luvas de boxe nas mãos. E, pela ocasião da única participação dos Nirvana no programa, Cobain colocou os dedos nas posições erradas na guitarra, Grohl dançou à volta do banco da bateria e Novoselic passou a canção a passear o baixo em órbita da cabeça.
Apesar da contestação dos músicos neste capítulo, o programa somou audiências espantosas nos anos 60, 70 e 80. Aparecer no Top Of The Pops, sobretudo até meados de 80, era sinónimo de ter atingido o êxito, nem que por apenas uma vez na vida. Falhar, poderia ser, o fim do artista. Que o digam os Classix Nouveaux, cuja carreira foi em, muito ceifada pela greve de téxcnicos da BBC em 1981 que os impediu de ali mostrar Is It A Dream?, o single que deles poderia ter feito um fenómeno. Ninguém os viu e, resultado, nunca somaram êxitos fora de França e Portugal! Em contrapartida, Clif Richard foi recordista, com 150 presenças.
Mas há muito que as audiências estavam em queda e nem mesmo a remodelação de 2003 inverteu a tendência. O desvio do entusiamo da nova música (e novos públicos) para Internet e o desinterese actual pelo inconsequente sobe e desce dos tops de vendas não poupou o mais veterano dos programas musicais em solo Europeu.
(Texto originalmente publicado no DN)