Em 1968, para dar vida e som a um desenho animado televisivo, foram criados os Archies, cujo sucesso global de um primeiro single, Sugar Sugar e, logo depois, Jingle Jangle, obrigou a ter vida mais longa que o originalmente previsto. O grupo foi criado pelo produtor Don Kirshner, que já tinha trabalhado com os Monkees, com o propósito original de gravar uma canção, semanalmente, para os desenhos animados do canal da CBS, The Archie Show. O sucesso dos discos deu-lhes pontualmente amplitude maior, sobretudo na rádio. Nascera, portanto, como uma cartoon band (a primeira da história), mas o sucesso dos desenhos animados e, mais ainda, do single que editaram em 1969, deles fez um inesperado fenómeno global, o seu nome a extravazar, rapidamente, o espaço do pequeno ecrã e a instalar-se, sobretudo, nas rádios. Contudo, e ao contrário dos Gorillaz (a mais bem sucedida cartoon band da história), os Archies nunca usaram as suas identidades em promoção na imprensa, nem a sua fisionomia na imagem dos cartoons. Foram, sempre, uma cartoon band, capas dos discos entregues sistematicamente a desenhos ou fotos de outros que não os “membros” de um grupo que na verdade nunca o foi, Don Kishner a assegurar a presença habitual de um conjunto fixo de músicos de estúdio, nenhum deles com sonho permitido de futuro enquanto banda, sem a caução do desenho animado que lhe dava nome e razão de ser. Contudo, quando Sugar Sugar rompe o espaço televisivo e se transforma num êxito planetário, a tentação de rentabilizar a receita de sucesso quase perverteu a intenção original do projecto. A consciência que se tratava de um caso de one-hit wonder, apesar do ainda visível impacte (menor) do sucessor Jingle Jangle, chegou logo depois, e o nome dos Archies rapidamente saiu do mapa. Dois anos depois tudo não passava de memória. E os músicos (de estúdio) que tinham gravado os discos dos Archies estavam entregues a outras sessões.
Esta canção traz-me uma história pessoal de bastidores. Em Alvalade, 1997, numa sala do backstage do concerto dos U2, estava em conversa com The Edge (juntamente com o meu tio LPA e a Teresa Lage), quando sugeri ao guitarrista dos U2 que, entre a selecção de temas que podia tocar no seu número de karaoke, a meio do concerto, Sugar Sugar talvez fosse o mais familiar da plateia lisboeta. Assim foi.
THE ARCHIES “Sugar Sugar” (RCA, 1969)
Lado A: Sugar Sugar (Barry/Kim)
Lado B: Melody Hill (Barkon/Adams)
Produção: Don Kirshner
Posição mais alta na tabela inglesa: 1
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