
O que não deixará muitas marcas é o filme Daft Punk's Electroma, visto na Quinzena dos Realizadores. O duo das electrónicas mais dancantes — Guy Manuel de Homem-Christo e Thomas Bangalter — vem contar-nos a história de dois robots que querem adquirir aparência humana num tom mais ou menos futurista que, eventualmente, nos pode remeter para algumas referências fortes (George Lucas e THX 1138, Gus Van Sant e Gerry). O certo é que as ideias são escassas para sustentar uma longa-metragem (ainda que de apenas 75 minutos) e fica-se com a sensação de que os Daft Punk nem sequer encontraram uma relação estimulante entre música e imagens.
Maior desilusão do festival: Southland Tales, o novo de Richard Kelly (Donnie Darko), penosa e pomposa fábula futurista que confunde "agitação" de teledisco com construção de emoção e suspense.
Melhor filme visto até agora (apresentado na secção "Un Certain Regard"): Il Regista di Matrimonio, de Marco Bellocchio, um conto moral, rigoroso e implacável, sobre o cinema italiano e a Itália contemporânea.