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Agora há um mar de ideias e génio a separar Scorsese do “certinho” e flácido Ron Howard. E convenhamos que há mais matéria para reflexão e debate sobre a figura de Cristo e as fundações da fé cristã nesse filme de Scorsese que no livro de Dan Brown e sua (dizem-me) literal adaptação ao cimema. É claro que vai haver instituições incomodadas, almas incomodadas… Mas enquanto a proposta de Dan Brown/Ron Howard é mero exercício de ficção usando como matéria prima alguns pedaços de referências na história da Igreja, A Última Tentação de Cristo, que não deixa de ter o seu cunho ficcional, é antes uma visão pessoal sobre um homem, as suas dúvidas, as suas tentações, sem psicologia barata de self help, antes colocando perante nós a humanidade que certamente houve em Cristo e uma natural atitude de demanda interior, sem respostas fáceis.
E o novo filme? É apenas banal. Uma história com todos os ingredientes para garantir coices de atenção de cinco em cinco minutos, uma trama com o seu interesse, um elenco notável, imagens captadas em lugares que garantem pompa e circunstância (nunca contestando a identidade europeia da acção), todas as maravilhas de uma produção ensopada em muitos dólares… Mas uma realização ensopada em lugares comuns, frouxa e despida de personalidade. E uma banda sonora insuportavelmente fácil. Banal… Mas já vi bem pior este ano. Bem pior…