Damon Albarn, em entrevista à BBC 6, disse ontem que se vai afastar dos Gorillaz, decisão que deverá implicar o fim de carreira para a banda virtual criada por si e pelo desenhador James Hewlett. Albarn entendeu que tinham levado o conceito por detrás dos Gorillaz até onde podiam, declaração que chega numa altura em que o grupo tem editados dois álbuns de originais de sucesso, outros tantos de extras e remisturas, e ainda mais dois DVDs (o segundo, ao vivo, editado há poucos dias), e está a terminar uma série de concertos em Nova Iorque. A notícia não espanta, sobretudo numa altura em que os Blur retomaram a actividade e se preparam para completar o trabalho de gravação de um sucessor de Think Tank que já anunciaram mais simples e directo que as recentes gravações da banda. Contudo, na mesma entrevista, Damon Albarn avisava: “mas também é muito hip hop dizer-se que um projecto acaba e, depois, voltamos a trazê-lo à vida”… Onde ficamos então?...
Se as finanças o ajudarem, e a vida dos Blur se mantiver saudável, o dito será o dito. Assim se espera, fechando-se um ciclo criativo em alta, sem o mais pequeno arranhão de decadência. E aos Gorillaz caberá um daqueles raros papéis de vida pop consequente a cem por cento.
Contudo, convém que se lhes não atribua um rótulo que, vezes sem conta aplicado, não lhes é devido. Os Gorillaz não são a primeira banda virtual da história. Em 1968, e para dar vida a um desenho animado, foram criados os Archies, cujo sucesso global de Sugar Sugar e, logo depois, Jingle Jangle, obrigou a ter vida mais longa que o originalmente previsto. Contudo, e ao contrário dos Gorillaz, os Archies nunca usaram as suas identidades em promoção na imprensa, nem a sua fisionomia na imagem dos cartoons. O grupo foi criado pelo produtor Don Kirshner, que já tinha trabalhado com os Monkees, para gravar uma canção, semanalmente, para os desenhos animados do canal da CBS, The Archie Show. O sucesso dos discos deu-lhes pontualmente amplitude maior, sobretudo na rádio. Mas dois anos depois tudo não passava de memória. E os músicos (de estúdio) que tinham gravado os discos dos Archies estavam entregues a outras sessões.
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