Diz a sabedoria popular mais conformista que "temos de viver com aquilo que temos"... A máxima não terá sido pensada para o mundo do DVD, mas aplica-se: temos de viver com um mercado que multipla o número de edições, fazendo muito pouco (cada vez menos) pelos títulos que não encaixam imediatamente nas categorias óbvias de blockbuster ou "sucesso-dos-últimos-seis-meses" — assim, por exemplo, com grandes clássicos dos anos 1940/50 que, não poucas vezes, chegam às lojas sem divulgação mínima e até sem qualquer valorização específica nos textos da respectiva embalagem.
A observação vem a propósito do lançamento de Corrupção/The Big Heat (1953), de Fritz Lang, uma das obras-primas do filme negro de Hollywood cujas notas informativas nem sequer referem o nome do seu realizador (ed. Sony/Columbia). Seja como for, o filme aí está (e numa transcrição magnífica das suas espantosas imagens a preto e branco): com Glenn Ford, Gloria Grahame e Lee Marvin, trata-se de uma típica história de poder e traição, no mundo dos gangsters, que Lang eleva à condição de tragédia íntima sobre a coabitação do Bem e do Mal.
E porque, nas suas contradições, o mercado cada vez nos dá mais oportunidades de redescoberta das memórias clássicas, vale a pena lembrar que, há poucas semanas, Fritz Lang tinha sido objecto de outra fabulosa novidade do DVD (ed. New Age): a edição conjunta de Matou (1931) e O Testamento do Dr. Mabuse (1933), dois títulos essenciais do período alemão de Lang.
E porque, nas suas contradições, o mercado cada vez nos dá mais oportunidades de redescoberta das memórias clássicas, vale a pena lembrar que, há poucas semanas, Fritz Lang tinha sido objecto de outra fabulosa novidade do DVD (ed. New Age): a edição conjunta de Matou (1931) e O Testamento do Dr. Mabuse (1933), dois títulos essenciais do período alemão de Lang.