Depois da transmissão integral da minissérie Archaengel, baseada no romance homónimo de Robert Harris, convém lembrar que o livro teve tradução entre nós, pela Bertrand, em 1999. Apesar da ainda relativamente curta obra publicada, Robert Harris é um dos mais recomendáveis especialistas em romance histórico dos nossos dias, entendendo-se aqui romance histórico como um espaço de literatura e imaginação onde evoluem histórias algures no passado e não as saladas de supermercado com ingredientes de policial barato e misticismo em saldo que agora povoam os escaparates das livrarias.
Robert Harris fez do seu mais recente Pompeia (2003) um dos mais cativantes olhares sobre os cenários sociais da vida romana, para tal servindo-se da odisseia do responsável pelo aqueduto que servia a baía de Pompeia nos dias que antecederam a histórica erupção que a apagou do mapa, no ano 79. Mas mais recomendável ainda é Pátria (1992, o seu primeiro livro de ficção), romance de realidades alternativas que nos projecta na Berlim dos anos 60, capital de um Reich que venceu a guerra, na qual um funcionário se intriga por uma série de pontas mal explicadas de histórias que, eventualmente, terão tido lugar em campos de prisioneiros na Polónia, alguns anos antes… Enigma (1995), por sua vez, remete-nos a 1943, num tempo em que as forças aliadas procuram decifrar os códigos alemães, num enredo que envlve submarinos, espiões e um brilhante matemático.
A série que a RTP1 acabou de transmitir convida-nos a reler (ou a descobrir) Archaengel, a história de um especialista americano em Estaline que descobre, durante uma palestra em Moscovo, um homem que lhe diz que esteve na datcha do velho ditador na noite em que morreu. Uma confissão que lhe permite descobrir que uma série de documentos foram então escondidos e, com eles, um eventual sucessor, à espera do dia de reaparecer em público, devolvendo a Rússia aos dias do “antigamente”, esperança e revolução meticulosamente arquitectada por velhos quadros do regime.
Robert Harris estudou história e divide a sua actividade editorial entre a escrita de romances e a de ensaios, entre os quais já abordou a guerra das Malvinas ou a figura de Hitler. Neste momento prepara a edição de Imperium, um novo romance a lançar ainda este ano.
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