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Com dois álbuns de grande solidez (e considerável sucesso) em mãos, os Depeche Mode regressaram à estrada em 1987 com uma longa digressão, a Concert For The Masses Tour, com agenda de 101 datas, que sobretudo os transformaram, em solo americano, de emergente fenómeno underground escutado à distância num potencial fenómeno de grande público, salas e recintos esgotados por todo o território. D.A. Pennebaker (o autor do mítico Don’t Look Back, documentário sobre Bob Dylan em meados de 60) foi convidado a rodar um filme sobre a digressão, os seus bastidores e o seu público. Assim o fez, projectando para o último concerto da digressão, no Rose Bowl em Passadena, a 18 de Junho de 1988, a gravação das imagens de palco. A acompanhar a imagem, esse concerto apoteótico foi também gravado, e editado pouco depois num álbum duplo que em tudo confirmou pelo mundo fora os feitos da digressão. Escutamos aqui uma banda segura, rodada. Canções bem encadeadas, num alinhamento irrepreensível, colocando entre os temas da nova etapa alguns clássicos de pop de primeira água que criaram antes de 1986. Destaque, aqui, para o encore arrebatador, com uma versão incansável de Just Can’t Get Enough e uma versão longa de Everything Counts, que termina com o público a repetir, vezes sem conta, o refrão da canção (ideia que aqui ganhou forma para, depois, se repetir em digressões subsequentes do grupo).
Como complemento a um soberbo disco de palco, bem gravado e de som perfeito, o booklet, com imagens de Anton Corbijn, é a cereja que se vê sobre um belo bolo.
Depeche Mode, ‘101’ (Mute Records, 1988)
Se gostou, escute depois:
New Order. ‘Power, Corruption And Lies’ (1983)
Depeche Mode. ‘Violator’ (1990)
Ladytron. ‘604’ (2001)