Se é verdade que há autores universais, capazes de transcender as suas coordenadas geográficas e culturais, o sueco Ingmar Bergman é, certamente, um desses autores. Os seus filmes têm uma história de presenças regulares nos Oscars e também algumas vitórias importantes. Uma das mais significativas aconteceu na cerimónia de 1984, com o filme Fanny e Alexandre (estreado em 1983 nos EUA, na origem de 1982). Embora nunca tenha deixado de filmar, Bergman insistiu em definir esse fascinante mergulho na infância e nos seus fantasmas como um filme de "despedida" do cinema, declaração tanto mais insólita quanto Fanny e Alexandre foi pensando simultaneamente como objecto para as salas escuras e série de televisão. O próprio Bergman acabou por não ganhar nas categorias em que fora nomeado (realização e argumento original); mas Fanny e Alexandre arrebatou quatro Oscars, proeza rara para uma produção não falada em inglês: melhor filme estrangeiro e ainda as estatuetas referentes a fotografia, direcção artística e guarda-roupa. Foi um ano em tons melodramáticos, com Laços de Ternura, de James L. Brooks, eleito como melhor filme. Musicalmente, era tempo de electrónicas dançantes, com Flashdance a dar a Giorgio Moroder o Oscar de melhor canção.