Janus Kaminski fotografou Munique em tons frios e tristes, todos eles contaminados por um cinzento avassalador. Esta opção está longe de corresponder a uma mera rima emocional com a crueza dos factos narrados. Isto porque Munique integra uma visão dinâmica da história, capaz de reflectir sobre as próprias formas da sua abordagem: por um lado, estamos perante uma renovada aposta num realismo que, na sua disponibilidade para a complexidade dos factos, recusa todos os efeitos normativos e moralistas do "naturalismo" televisivo; por outro lado, trata-se também de integrar muitos elementos estéticos, da cor à sábia utilização do zoom, que vêm directamente dos grandes thrillers da época da acção (início dos anos 70), assinados por cineastas tão importantes como Sidney Lumet ou Alan J. Pakula. Quer isto dizer que Munique tem consciência plena do lugar plural do mais interessante cinema americano contemporâneo — regressar ao passado é, de uma só vez, discutir a sua representação e relançar as suas dúvidas no tempo presente.
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