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Prince era, em finais de 80, um artista invulgarmente unânime entre melómanos e grande mercado. Desde 1980 (com
Dirty Mind) afirmara-se como um dos mais promissores talentos da década, suspeita que confirmou em álbuns de puro génio como
1999 (1982),
Purple Rain (1984),
Around The World In A Day (1985) e
Parade (1986). Em 1987, o seu estatuto levou-o a tentar materializar dois projectos megalómenos. Um deles, Camille, era a construção de um alter-ego feminino, do qual chegaram leves marcas de uma ideia deixada apenas no papel, em
If I Was Your Girlfriend. O outro, mais ambicioso, era um álbum triplo,
Crystal Ball (editado apenas 11 anos depois, através da sua própria NPG Records), que a editora mandou reduzir a apenas dois discos, nascendo o processo que, mais gravação menos, gravação, deu origem a
Sign Of The Times. Talvez a editora tenha aqui tido razão, levando Prince a criar a obra-prima, ainda insuperada, da sua carreira, e um dos mais celebrados álbuns duplos da história, um disco de versatilidade e ousadia evidentes, mas que se deu a conhecer através de um single de
electro funk minimalista, um espaço que Prince já havia abordado em
Kiss, mas que aqui atingia a perfeição.
Sign Of The Times, a canção, é um monumento de contenção musical total, decretando espaço de visibilidade a apenas uma estrutura rítmica, uma linha melódica espartana e uma voz que conta contos de vidas malvadas, regime de poupança de meios e de corte do supérfulo que se materializou depois no teledisco. Um absoluto clássico do seu tempo e uma das mais importantes canções da década de 80.
PRINCE “Sign Of The Times” (Wea, 1987)
Lado A: Sign Of The Times (Prince)
Lado B: La La La He He Hee (Prince)
Produção: Prince
Posição mais alta no Reino Unido: 9MAIL