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Odete é o melhor filme português deste ano, uma história que cruza o real com o inverosímil, numa Lisboa actual que se descobre em supermercados, discotecas, ruas nocturnas, cemitérios, onde os cruzamentos se fazem de carro ou telemóvel… ou patins. Odete e Rui têm vidas separadas. E entre eles passa Pedro. Ele morre num acidente na noite em que celebra o primeiro ano com Rui. Ela despeja do apartamento na cave o namorado, que lhe recusa fazer um filho. Rui e Odete, desamparados e abandonados, cada qual à sua maneira, vão cruzar-se numa história onde a loucura ou a assombração explicam o incrível feito real, e o sonho se transforma num espaço estranho, quase assustador… E ficamos por aqui…
Odete tem uma banda sonora magnífica, onde se cruzam várias versões do clássico Moon River e temas sem bitola de época, de Bright Eyes a Alex Chilton. E não faltam pontuais intervenções instrumentais bem posicionadas e escolhidas. Pena apenas a ausência de uma banda sonora original capaz de envolver mais ainda as vidas que se cruzam e desordenam, e um desfecho que pedia canção pop inteligente para acompanhar os créditos finais. Todavia, o realizador, João Pedro Rodrigues, tentou um contacto de renome para a obter... E não foi desta... Revelações brevemente em entrevista no DN (e posts por aqui, no Sound + Vision).