Depois de uma relativa desilusão com os White Rose Movement (que, na passada sexta-feira, não mostraram no Ministry Of Sound mais trunfos que os que tem, ou vão ter, em single), os Protocol, outra das novas bandas londrinas claramente nascidas sob a influência estimulante de memórias colhidas no pós-punk britânico, deram sinais que a sua estreia em álbum, marcada para a Primavera de 2006 (Island Records), poderá deles fazer um dos nomes a seguir com atenção no ano que aí vem. O concerto que deram ontem à noite na Brixton Academy (na primeira parte dos Bravery) mostrou que são uma banda coesa no som, na imagem, na atitude em palco e com uma bela mão cheia de canções que fazem do single de estreia, o belíssimo She Waits For Me, apenas um bom momento entre um álbum que parece estar cheio de ideias pop, na mais tradicional acepção da palavra.
Os Protocol são cinco londrinos na casa dos vinte e poucos, e assumem-se admiradores dos Sex Pistols, Madonna, Depeche Mode, David Bowie, Roxy Music ou Blondie. Acabaram com este concerto em Londres uma digressão de suporte aos Bravery em solo britânico, escolha natural não só pelas afinidades de som e referências, mas também pelo facto de partilharem uma mesma editora. Em Outubro editaram o single de estreia She Waits For Me, que às referências acima citadas junta Joy Division e Duran Duran. Esse foi, naturalmente, o tema que fechou em glória a actuação de perto de 40 minutos na Brixton Academy. Uma canção viciante, suportada por um baixo marcante e com um refrão que se cola as orelhas. De resto, as restantes canções deixaram claro que os Protocol sabem encontrar bons refrões para as suas canções. Que o diga, sobretudo, o próximo single, Where’s The Pleasure?, a editar em Fevereiro, tema de estrutura clássica (verso, ponte e refrão) que lembra o belíssimo Come On Home dos Franz Ferdinad mas juntando um refrão viciante que lhe garante identidade própria e, haja rádio atenta, boa vida no FM de 2006. Boas pistas colhidas ainda em canções como Headaches Hertbreaks (escola Joy Division bem evidente), Love Is My Drug e Beautiful Girlfriend, todas elas em diálogo entre uma força rock para guitarras, decorações electrónicas para teclados com 25 anos e uma alma pop que faz das canções pequenos rebuçados que dão vontade de se saborear muitas vezes. Esperemos, então, por Rules Of Engagement, o álbum a editar em 2006...
Apesar das boas novas dos Protocol, a noite foi dos Bravery, que em nada mostraram ser a banda de equívocos (ou má sorte?) que não contagiou quem os viu em Agosto, em Paredes de Coura. Correram essencialmente sobre as canções do seu álbum de estreia, coesos e com garra, arrebatando o entusiasmo de uma Brixton Academy cheia. Momentos altos em An Honest Mistake (em versão longa, que não disfarça a alma protectora dos New Order), Tyrant, Out Of Line e Public Service Anouncement. Estrearam o novo Angelina, mediano pastiche de Psychedelic Furs dos primeiros tempos, ainda a precisar de mais meses na incubadora. Os Bravery nao são uns Killers (duelos e controvérsias à parte) mas mostraram ser uma segura banda representante desta escola norte-americana novo rock assente sobre pistas colhidas na Inglatera de finais de 70 e inícios de 80.
Houve ainda uma terceira banda no mesmo concerto. Chamam-se Paddigntons e, com ares de heróis locais eleitos em bares de 20 ou 30 amigos e pouco mais, são uma entre as 386 bandas surgidas no último ano em busca do trono punk-30-anos-depois deixado vazio pelos Libertines (e com cada vez mais sérios pretendentes nos Arctic Monkeys). Com um vocalista mais para lá que para cá, não mostram mais que vulgaridade rock’n’roll em registo punk indigente sem qualquer marca de personalidade. Para esquecer.
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