
Madonna declarou ao The Sun que enviou um emissário seu a Estocolmo com uma cópia da gravação de Hung Up e uma carta na qual implorava pela cedência do sample desejado. Nessa carta confessava venerar a música dos Abba, afirmando ser este single uma simples homenagem ao grupo. Benny Anderson e Björn Ulvaeus não deram imediatamente o sim desejado... E explicaram que recebem regularmente inúmeros pedidos do género e que sistematicamente respondem um não. Mas ambos admiram Madonna, desde há muito, confessaram. Admiram-lhe a coragem e a forma como tem mantido uma carreira firme ao longo de mais de 20 anos. Se a canção não fosse boa, teriam rejeitado o pedido, mas já descreveram Hung Up como 100 por cento de sólida pop. Benção dada. Sample cedido. Et volià...
O Sound + Vision já escutou o single e...
N.G.: Viciante! Absolutamente viciante! Madonna não tinha um single tão ostensivamente pop, tão luminoso, cativante e irremediavelmente festivo desde... Ray Of Light. É certo que houve Music pelo meio, American Life... Mas há muito que não víamos em disco uma Madonna 100 por cento pop (os Abba têm razão), como a que fez escola nos dias de 80, de Like A Virgin a Express Youself, de Open Your Heart a Material Girl... Hung Up é uma brilhante construção de uma canção com alma própria, que mesmo remetendo-nos para a memória evidente do sample de Gimmie Gimmie Gimmie que lhe é estrutural, não impede o reconhecimento do que é novo como protagonista. O filet mignon de pop sueca é magnificamente enquadrado numa composição que sabe, depois, projectar a vitalidade pop samplada num todo que segue o mesmo caminho, suportando o edifício pelo recurso a uma aqruitectura electro (pop). Hung Up é daquelas canções que se ouvem "em repeat" até mais não. E é, como muitas das canções clássicas dos Abba, um belo exemplo de pop bem estruturada e incapaz de deixar alguém indiferente. Até os sisudos vão gostar...
J.L.: Pop mais pop não há! Ou dito de outro modo: e se fizéssemos uma maldade à vaga planetária do hip hop, tirássemos os «hh» e outras redundâncias, os temperos e as modernices, e servíssemos apenas o champanhe? Que sobra? A mais pura cozinha pop, abençoada pelos Abba e com cheirinho a coisas remotas como «Holiday» ou «Burning Up» — foi há tanto tempo que já nem nos lembramos quem inventou tais coisas... Em todo o caso, aqui fica a denúncia: esta senhora anda a copiá-las!
P.S. Post servido com mais uma foto de Steve Klein tirada na sessão da qual nasceu a capa de Confessions On A Dance Floor.