quinta-feira, outubro 20, 2005

"As Bonecas Russas": o regresso de Klapisch

Três anos passados sobre A Residência Espanhola, o francês Cédric Klapisch regressa, com As Bonecas Russas, às mesmas personagens: acabados os estudos em Barcelona, são agora uma pequena «multidão» dispersa por vários países europeus, prolongando as suas histórias de amor e trabalho. Exemplo sintomático de uma produção europeia mediana (pelos meios), empenhada em gerar uma nova galeria de actores populares — entre eles, reaparecem Romain Duris (De Tanto Bater o Meu Coração Parou) e Audrey Tautou (Amélie Poulain).
J.L.: Será que existe, ou pode existir, um novo melodrama europeu, empenhado em dar conta do aqui e agora das novas gerações? A resposta é necessariamente hesitante. Em todo o caso, filmes como este valem pela vontade de querer responder afirmativamente. É pena, em todo o caso, que a vivacidade de A Residência Espanhola se reduza, aqui, a uma «formatação» dramática algo maniqueísta e previsível. Pequena revelação: Cécile de France sabe libertar-se do seu papel de «boneca russa» do cinema francês e mostrar alguma da sua possível densidade emocional.

N.G.: Mais uma manifestação de uma ideia de cinema pop(ular) francês. Mainstream, sim, mas sem recurso a estratégias de acção frenética, drama televisivo (que até parodia) ou apelo fácil às causas da multidão no mês em questão. Parte da Residência Espanhola e imagina como serão os estudantes cinco anos depois, trintões, entregues aos seus destinos e profissões. E até diverte, um ou outro bom gag aqui e ali. Todavia, o que havia de original e incisivo na Residência Espanhola (sobretudo o desmontar dos estereótipos que associamos a cada nacionalidade em cada um dos estudantes) cede a vez a um certo forçar de uma ideia de comopolitanismo europeu a todo o custo. Mas na verdade o filme não quer mais ser que bom pedaço de entretenimento. Não deslumbra, mas também não incomoda. E começa a colocar em cena o potencial "star power" da nova euro-geração de actores.
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