quinta-feira, outubro 13, 2005

Mais Bergman

Há mais filmes de Ingmar Bergman a chegar ao DVD. De novo com a chancela da editora Costa do Castelo, alarga-se a divulgação da obra do cineasta sueco, agora com uma caixa com quatro títulos. Dois deles — Uma Luz nas Trevas (1948) e A Prisão (1949) — permitem-nos descobrir o fascinante trabalho de formação do próprio universo bergmaniano, uma vez que são trabalhos da fase inicial da sua carreira (a sua primeira longa-metragem, Kris, data de 1946). Luz de Inverno (1963) é uma das suas mais depuradas reflexões sobre a relação do ser humano com o conceito de divindade. Finalmente, Depois do Ensaio (1983), o mais recente, tinha-se tornado também o mais raro desta selecção (e, em boa verdade, um dos títulos menos vistos de toda a obra de Bergman).
Feito um anos após esse monumento que é Fanny e Alexandre, Depois do Ensaio é uma produção televisiva que corresponde a um anúncio «oficial» de Bergman: a sua retirada do mundo dos filmes. Sabemos que, depois, as coisas não foram assim tão lineares, já que Bergman tem continuado a filmar para televisão e o próprio Saraband (2003) acabou por existir como um objecto formal completamente (e genialmente) híbrido. Em todo o caso, é verdade que Depois do Ensaio possui algo de terminal, no sentido em que regista o diálogo entre um encenador teatral (Erland Josephson) e uma actriz (Lena Olin) como uma derradeira viagem de retorno ao labirinto primordial da verdade e do artifício, da arte e da vida. É, além do mais, um caso modelar de uma produção televisiva que não teme «parecer-se» com o cinema e, sobretudo, não cede a nenhuma das muitas retóricas que contaminam o pequeno ecrã.
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