A comunidade melómana teme pelo encerramennto do CBGB. A Liliana Moreira está em Nova Iorque e tem acompanhado a evolução do caso entre notícias e conversas de amigos. Ontem regressou ao 315 da Bowery. E enviou-nos um mail:
«Confesso que vesti o casaco de ganga. Em Maio porque Nova Iorque despertou para a noite gelada, ontem porque gelei quando pensei que pode mesmo fechar, o CBGB.
Nos últimos meses o assunto tem coberto as páginas dos jornais da cidade, feito notícia nas televisões e tema de conversa entre amigos. Dos poucos americanos que conheço (acho que é o carimbo do multinacional que por aqui impera) todos parecem de acordo: deve ser considerado património, deve ser protegido, deve ser estandarte de um local onde prevalece a diversidade (ainda, embora menos). Mas também defendem que o CBGB precisa de novas “regras”, de uma orientação mais adequada e gestão de dinheiros diferente.
Li online no DN “o mais mítico (e importante) clube de rock” da cidade. Do que sei, é realmente impossível negar que é lenda mas a relevância de outros tempos agora distribui-se pela Bleecker Street, East Village, Alphabetic City… com mais energia. O que provoca angústia nos Nova Iorquinos é o facto da cidade se estar, a cada dia, a tornar no retrato de uma América “homogénea e prepotente” fazendo desaparecer o que lhe dava sabor a peculiaridade. O Apollo, em Harlem, é outro exemplo.
Voltei ao CBGB ontem, na véspera do 11 de Setembro, na esperança que não seja preciso lamentar as consequências.»
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