
Que resta, então, para além do estereótipo mais ou menos kitsch de "eterno rebelde"? Não apenas uma nostalgia avassaladora, mas a herança simbólica de um verdadeira revolução figurativa e psicológica: em tempos de grandes convulsões artísticas (a reconversão da narrativa clássica, o Actors Studio, Marlon Brando, etc.), Dean trouxe para o cinema americano um novo modelo de adolescente. Já não um apêndice discreto do espaço familiar, mas uma personagem viva capaz de reflectir e interrogar os impasses desse mesmo espaço num mundo cada vez mais convulsivo e mercantilizado. E, para que tal acontecesse, bastaram três filmes: A Leste do Paraíso, de Elia Kazan, Fúria de Viver, de Nicholas Ray, e O Gigante, de George Stevens (os dois últimos estreados já depois do seu falecimento).
Reencontramo-lo, assim, como personagem de uma solidão primordial: a que nasce da distância entre o seu lugar no colectivo social e o desejo de um outro modo de sentir e ser fiel à sua verdade mais recôndita. Daí a sua universalidade, daí a infinita comoção dos seus gestos.
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* American legends