The Last Panthers é uma série policial inglesa, com Samantha Morton, Tahar Rahim e John Hurt, a estrear no mês de Novembro. Johan Renck, o realizador, convidou David Bowie a compor a canção-tema de que já foram divulgados 45 segundos — uma preciosidade incompleta.
quinta-feira, outubro 08, 2015
quarta-feira, outubro 07, 2015
A direita, a esquerda e o resto
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GUSTAVE COURBET Natureza morta com flores 1863 |
* Em boa verdade, trata-se de um fenómeno transversal, ainda e sempre enquadrado por três fraquezas ideológicas — ou por três manifestações do mesmo fraco labor ideológico:
1. A indigência filosófica das forças que se apresentam sob o rótulo de “direita” ou “centro-direita” (neste caso, o PSD e o CDS, aliados no governo), na melhor das hipóteses conduzidas por um pragmatismo económico-financeiro, europeísta, em boa verdade esvaziado de qualquer conceito cultural de Europa.
2. O infantilismo circense das forças que, como o PCP ou o Bloco de Esquerda, vivem da agitação mediática (sobretudo televisiva) que sabem provocar através de continuados e virulentos ataques contra o PS, acusando-o de endémica infidelidade aos ideias da “esquerda” — para depois, face aos resultados eleitorais, e num clamoroso desrespeito pelos valores mais básicos da inteligência humana, virem manifestar a esperança de que o mesmo PS venha reforçar a unidade (?) da “esquerda”. Desculpem, importam-se de repetir?...
3. Enfim, o angustiado ziguezague do PS, há muito paralisado no esgotamento dos ideais do “socialismo real” (metodicamente esvaziados — a nível europeu, precisamente — desde as convulsões subsequentes à Queda do Muro de Berlim), não sabendo, de facto, o que dizer ou fazer, entregando-se, pendularmente, a guerras internas mais ou menos fratricidas, de interminável desgaste.
* Não há solução para esta comédia de poucas ideias, até porque também não há, no seu elenco, uma única força política que demonstre alguma vontade de questionar o alarido televisivo em que o jogo político se transformou — nesse aspecto, chega a ser obsceno o silêncio da "esquerda" (de todas as transformações & revoluções) face ao poder cultural e simbólico do espaço televisivo na nossa sociedade.
* Haveria, apesar de tudo, uma possibilidade de, pelo menos, deslocar os territórios do próprio pensamento político. Tal possibilidade passaria, uma vez mais, pela disponibilidade do PS enfrentar a estupidez beata com que é brandido o estandarte da “esquerda”, continuando a alimentar a ilusão de que, por magia, tal palavra arrasta uma colecção de milagres que confere a todos, governados e governantes, as chaves do reino de todas as redenções financeiras e sociais.
* A disponibilidade do PS implicaria uma atitude que, é preciso dizê-lo, não lhe garantiria nenhuma consagração automática junto dos eleitores — poderia até penalizá-lo de forma drástica em próximos actos eleitorais. Tratar-se-ia de reafirmar um dos valores mais viscerais gerados pelo 25 de Abril (obviamente, também dos mais recalcados). A saber: a insuficiência da dicotomia “direita/esquerda” para dar conta das dinâmicas políticas e, mais especificamente, da imaginação dos projectos políticos.
* Não creio que, dentro do PS, haja alguém capaz de formular o enunciado muito simples que decorreria de tal atitude. A saber: a afirmação clara e inequívoca de que o PS nada tem a ver com a noção mística de “esquerda” que, através de um continuado e malicioso processo de culpabilização (dos outros), continua a ser relançada por PCP, Bloco de Esquerda e suas forças satélite.
* Em qualquer caso, há dois dados que importa não simplificar: nada disto decorre de (ou implica) qualquer negação das muitas tragédias acumuladas pelo governo PSD/CDS, como nada disto pode escamotear os desmandos históricos — e não tenhamos medo das palavras: ditatoriais — inscritos no património da “esquerda” que se quer purificar através da própria nomenclatura que para si adopta, julgando desse modo demonizar tudo o que fique fora das suas fronteiras ideológicas.
* No dia das eleições, as mesmas televisões que nunca se preocupam em colocar o problema da abstenção na sua agenda de “debates”, lançaram inquietos repórteres que colocavam perturbantes perguntas sobre a gravidade de tal problema... E os protagonistas políticos, entrevistados junto às mesas de voto, puseram todos, de “direita” e de “esquerda”, um ar muito circunspecto e preocupado com o assunto.
* Agora, feitas as contas, podemos dizer que mais de quatro milhões de portugueses — 4.059.465, para sermos exactos — se abstiveram. Entretanto, em mais uma demonstração da hipocrisia reinante, o assunto desapareceu da actualidade... Vale a pena perguntar se as diatribes “direita/esquerda” contribuem, de alguma maneira, para contrariar tão avassaladora indiferença.
segunda-feira, outubro 05, 2015
Futebol — ver e não ver
O futebol televisivo tende a já não reagir aos acontecimentos: independentemente dos resultados, tudo parece estar previamente formatado — este texto foi publicado no Diário de Notícias (2 Outubro).
1. Não precisamos de pensar todos o mesmo para sermos solidários. Em tudo ou quase tudo, incluindo o futebol. Em todo o caso, no futebol televisivo há muito que triunfou uma espécie de absurda inversão. A saber: a solidariedade parece só poder nascer da “obrigação” de pensarmos todos o mesmo. O exemplo quotidiano disso mesmo é a redução de qualquer assunto futebolístico a alguma variação sobre temas, personagens ou militâncias dos três “grandes”. Esta semana, não seria necessário desencadear uma revolução jornalística para lembrar (e, já agora, celebrar) o facto de duas equipas “secundárias”, Braga e Estoril, terem o mesmo número de pontos de um desses “grandes”, aliás com ele partilhando o terceiro lugar, apenas a dois pontos dos dois primeiros. Será que, em algum momento, apenas em nome da pluralidade informativa, Braga e Estoril tiveram o destaque que mereciam?
2. A formatação futebolística não se traduz apenas em infinitas horas de “debates”, “análises” e “antecipações”, sem esquecer os sagrados autocarros em movimento... Tal formatação padece de uma trágica limitação estrutural que, no limite, faz com que (quase) ninguém olhe para aquilo que surge no ecrã. A transmissão do jogo Boavista – Sporting (SportTV) pode servir de sintoma exemplar (sendo possível encontrar casos do mesmo teor em transmissões de outros países).

De facto, não seria necessário ter qualquer especialização televisiva ou tecnológica para ver que os equipamentos das duas equipas (um preto e branco, outro branco e verde), sobretudo nos planos abertos de um directo, se confundiam, dificultando a identificação dos jogadores de cada equipa. Como é possível que um acontecimento que envolve avalanches de marketing e decisores, no interior de um universo que movimenta tantos milhões, não seja pensado, antes de tudo o mais, através do efeito visual que vai produzir? Já não sei do que falavam os comentadores, mas tenho a certeza que vogavam, felizes, nos êxtases de outra galáxia...
domingo, outubro 04, 2015
Eleições — 3 factos
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GUSTAVE COURBET Mulheres peneirando trigo 1854 |
Quem ganhou as eleições? Quem perdeu as eleições? Para lá da contabilidade de vencedores e vencidos, três fenómenos transversais — unindo todas as direitas e todas as esquerdas — marcaram os comportamentos das forças políticas e, em particular, das suas figuras mais emblemáticas.
1. O triunfo das linguagens televisivas — Já ninguém se preocupa em construir discursos realmente políticos, isto é, capazes de nos ajudar a lidar com a complexidade do mundo à nossa volta. Tudo ou quase tudo é dito e pensado (quando é pensado...) para funcionar como soundbyte televisivo.
2. O estreitamento do social — A importância conferida às redes (ditas) sociais é bem reveladora da fragilização de qualquer sentido colectivo ou de colectividade. O social deixou de ser a imensa teia de relações, conscientes ou não, em que nos movemos, para passar a ser entendido — e, em última instância, praticado — como um labirinto de links e likes.
3. A hipocrisia do discurso — Subitamente, no dia das próprias eleições, televisões e partidos pareceram aliar-se para fazer proliferar as pequenas entrevistas em que todos se mostram hiper-preocupados com o fenómeno abstencionista. Na prática, depois de anos e anos de alheamento em relação ao grave problema da indiferença social dos cidadãos, produzem-se mais soundbytes para usar e deitar fora.
A oferta de ficção [citação]
>>> A RTP sempre foi mais uma estação de entretenimento ligeiro do que de ficção. Não temos uma tradição de ficção, como nos EUA. Isto explica-se por várias razões, mas a principal tem a ver com o facto de termos importado um modelo dos países sul-americanos, que é a novela, que teve um efeito de eucalipto e secou tudo à volta. O modelo da novela, que me parece perfeito para países de grande dimensão porque tem um efeito agregador extraordinário, num país com pequena escala traz uma conformidade narrativa. E pior ainda porque, em Portugal, estamos sempre a fazer novelas sentimentais. Nunca houve uma novela de temática política. Compete à RTP qualificar a oferta de ficção. E qualificar é abrir o caminho para a diversidade, é subir o patamar da qualidade, valorizar mais os autores e dar menos foco aos apresentadores. Em Portugal pagamos muito mais aos apresentadores do que aos autores.
NUNO ARTUR SILVA
> entrevista a Raquel Carrilho
Jornal i, 3 Out. 2015
sábado, outubro 03, 2015
Um biólogo em Marte
Através de Perdido em Marte, o Planeta Vermelho reforça a sua condição de elemento físico e referência mitológica da ficção científica no cinema — este texto foi publicado no Diário de Notícias (29 Setembro), com o título 'Como cultivar batatas ou a arte de sobreviver em Marte'.
Se quisermos estabelecer uma estatística dos cenários mais frequentes, e também mais apetecíveis, da ficção científica no cinema, não há dúvida que o Planeta Vermelho ocupará um lugar de destaque. O novo exemplo — Perdido em Marte, de Ridley Scott — terá todas as condições para se tornar uma referência emblemática no interior do género, até porque reúne elementos técnicos e artísticos para surgir com algum destaque nas nomeações para os próximos Oscars.
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Ridley Scott |
O realizador inglês de títulos como Alien – O Oitavo Passageiro (1979), Blade Runner (1982) ou Prometheus (2012), parecia ser uma escolha natural para contar esta história de um astronauta que fica abandonado em Marte, quando, na sequência de uma violenta tempestade, a sua tripulação assume que terá morrido. Em boa verdade, Scott não foi a primeira hipótese para dirigir o filme. Depois da aquisição dos direitos de adaptação do romance de Andy Weir pela 20th Century Fox, em 2013, Drew Goddard estabeleceu um acordo com o estúdio que previa a escrita de um argumento e a respectiva realização.
Goddard concluiu o argumento mas, entretanto, afastou-se do projecto para preparar o seu segundo trabalho como realizador (estreou-se em 2012, com A Casa na Floresta). A Fox contactou Scott que, de imediato, se mostrou interessado no tema. Além do mais, desde o começo do processo, Matt Damon tinha manifestado a sua disponibilidade para interpretar a figura central, por certo seduzido pela composição de uma personagem que, durante largos períodos, apenas partilha a sua solidão com o espectador.
Como outras grandes produções de anos recentes, Perdido em Marte chega aos mercados como um objecto típico dos padrões de espectáculo de Hollywood, mas é, de facto, uma produção essencialmente europeia. É verdade que são os americanos que dominam o elenco — além de Damon, surgem também Jessica Chastain (como líder da missão em Marte), Jeff Daniels (chefe da NASA), Kristen Wiig, Michael Peña e Kate Mara, face aos ingleses Sean Bean e Chiwetel Ejiofor. O certo é que o essencial da rodagem teve lugar na Hungria (nos Estúdios Korda, nos arredores de Budapeste); mais tarde, a zona de Wadi Rum, na Jordânia, serviu de pano de fundo para a “reconstituição” das paisagens de Marte. Scott pôde também contar com o contributo de dois fiéis colaboradores europeus: o polaco Dariusz Wolski e o italiano Pietro Scalia, responsáveis pela direcção fotográfica e montagem, respectivamente.
Porventura o mais surpreendente em Perdido em Marte é o cuidado equilíbrio entre o drama de uma personagem solitária (como sobreviver quando qualquer missão de resgate demorará pelo menos três anos a chegar a Marte?) e a elegante ironia com que é apresentada a personagem de Damon. É, em qualquer caso, uma ironia alicerçada numa dimensão realista, quanto mais não seja porque o primeiríssimo problema que enfrenta é o da produção de alimentos para sobreviver durante a sua espera. Dito de outro modo: sendo ele, não um astronauta de profissão, mas um biólogo, trata-se de saber como cultivar batatas na terra vermelha de Marte...
A realização de Scott acaba por contrariar os valores correntes (ou a falta deles) do niilismo contemporâneo, desenvolvendo-se como uma saga aventurosa sobre o espírito de resistência e a solidariedade humana. Não possui o fôlego trágico de Gravidade (2013), de Alfonso Cuarón, regendo-se antes pelas regras antigas dos pequenos filmes de “série B” — tendo em conta que se trata de uma produção altamente sofisticada, eis o paradoxo, também ele pleno de ironia.
A vida sexual dos zombies
Em Omaha, no estado do Nebraska, as doenças sexualmente transmissíveis [STD] constituem um problema social grave — estatisticamente, os respectivos índices são dos mais elevados nos EUA. O programa 'Get Checked Omaha' tem desenvolvido campanhas de informação e sensibilização, apelando à realização de testes de despistagem, em particular por parte de adolescentes e jovens adultos. Concebido pela agência Serve Marketing, um video protagonizado por um zombie ilustra o calculado "extremismo" dessas campanhas — o menos que se pode dizer é que, na sua contundência, temperada de humor, o pequeno filme constitui um eloquente exemplo de heterodoxia publicitária.
A última palavra [citação]
>>> "Não se responde ao próprio pai", conhece a fórmula? Num certo sentido, é singular. A quem responderíamos neste mundo a não ser a quem amamos? Noutro sentido, é convincente. É preciso que alguém tenha a última palavra.
ALBERT CAMUS
Gallimard, Paris, 1956
sexta-feira, outubro 02, 2015
Cinema vs. televisão
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PLAYTIME (1967), de Jacques Tati |
Muitos caminhos do cinema contemporâneo passam, ou passarão, pelo espaço televisivo — este texto foi publicado no Diário de Notícias (27 Setembro), com o título 'Para além das rotinas televisivas'.
Vale a pena registar alguns dados soltos, aparentemente sem qualquer ligação, da actualidade audiovisual. Desde logo, no contexto português: está em exibição o segundo volume do filme As Mil e uma Noites, de Miguel Gomes (candidato português a uma nomeação para o Oscar de melhor filme estrangeiro), anunciando-se a terceira e última parte para 8 de Outubro. Depois, ainda entre nós, assistimos ao reforço da presença das produções do canal norte-americano HBO na televisão por cabo, mais concretamente no TV Séries (actualmente com destaque para Show Me a Hero, notável mini-série sobre a construção de habitações sociais em Yonkers, Nova Iorque, na décadas de 1980/90). Enfim, dos mais diversos festivais internacionais, de Cannes a Toronto, vão chegando notícias sobre o peso crescente das produções do serviço de streaming Netflix (também já anunciado para começar a funcionar no mercado português).
São sintomas de importantes mudanças na oferta do audiovisual. Assiste-se, assim, a uma espectacular revalorização do conceito de “série”, não apenas através dos produtos televisivos que, desde os tempos heróicos de Twin Peaks (1990-91), transfiguraram a produção e a difusão, mas também de objectos especificamente cinematográficos — nesta perspectiva, o filme de Miguel Gomes pode mesmo vir a ser reconhecido como um caso premonitório.

Celebrar a pluralidade de tais mecanismos apenas pela “facilidade” de acesso (até à banalidade de ver o gigantismo de um Lawrence da Arábia no raquitismo de um ecrã de telemóvel) será uma via simplista e redutora, até porque tende a ser contaminada pela perniciosa “naturalização” dos circuitos ilegais. No contexto português, em particular, isso passa pelo travar de uma guerra cultural que opõe a riqueza imensa do cinema, contemporâneo ou não, à ridícula formatação das telenovelas (guerra que, não tenhamos ilusões, está a ser ganha pelo império telenovelesco). Mais do que isso: a consolidação de entidades como a Netflix reforça o valor de uma prática jornalística que confronte o leitor/espectador com as muitas alternativas às mais pobres rotinas televisivas.
Registe-se um pormenor: o crescente impacto das reposições de filmes que, desde o regresso de Vertigo (1958), de Alfred Hitchcock, há cerca de três anos, voltaram a marcar presença nas salas portuguesas. Mesmo no seu relativismo, os números de ciclos como o da obra de Jacques Tati (mais de 10 mil espectadores), revelam uma verdade rudimentar: o público não é uma massa amorfa de comportamentos sempre iguais e repetidos.
quinta-feira, outubro 01, 2015
Phil Woods (1931 - 2015)
Morreu um gigante do jazz: o saxofonista americano Phil Woods faleceu no dia 29 de Setembro em East Stroudsburg, Pensilvânia — contava 83 anos.
Ironicamente, a fama de Woods está mais associada a algumas colaborações em temas de criadores do pop rock, em particular Paul Simon (Have a Good Time, 1975) e Billy Joel (Just the Way You Are, 1977). Em qualquer caso, o essencial da sua actividade corresponde a um capítulo de excelência na história do jazz, em particular do saxofone (tocava também clarinete), do qual, na senda do bebop, soube extrair fraseados tão elegantes quanto misteriosos — era muitas vezes citado como o herdeiro directo de Charlie Parker (1920-1955), o que lhe valeu o cognome de "the new Bird" (foi casado com Chan Parker, viúva de Charlie Parker).
Ganhou quatro Grammys, o primeiro dos quais para o álbum Images (1975), para a melhor performance de uma banda de jazz. The Young Bloods (1956), Musique du Bois (1974) ou Dizzy Gillespie Meets Phil Woods Quintet (1986) são apenas alguns dos títulos emblemáticos da sua discografia. Gravou, entre outros, com Kenny Burrell, Bill Evans, Quincy Jones (no álbum The Quintessence, 1962), Thelonious Monk e Oliver Nelson. Em 2007, o National Endowment for the Arts atribuiu-lhe o título de 'Jazz Master'.
>>> Dois registos de Phil Woods: o primeiro, Airegin [apenas som], é uma composição de Sonny Rollins integrada no álbum Musique du Bois; o segundo, My Man Benny, composto pelo próprio Woods e dedicado a Benny Carter, pertence a My Man Benny, My Man Phil, álbum de colaboração dos dois saxofonistas — este é um registo de 2010, com a Barcelona Jazz Orquestra.
>>> Obituário no New York Times.
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