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Scarlett Johansson à procura de dinossauros... |
A saga iniciada com Parque Jurássico (1993), de Steven Spielberg, continua a tentar sobreviver no mercado global. Agora, Mundo Jurássico: Renascimento limita-se a confirmar que faltam ideias, mesmo com Scarlett Johansson no elenco — este texto foi publicado no Diário de Notícias (3 julho).
De acordo com a gíria cinematográfica, é hábito dizer-se que, nas séries temáticas (“franchises”, para usarmos o termo imposto pela globalização), o segundo título é sempre pior que o primeiro. Enfim, pensamos de imediato em O Padrinho – Parte II (1974) e perguntamos se as coisas serão assim tão óbvias, até porque podemos discutir se a saga de Francis Ford Coppola encaixa na noção corrente de “franchise”. Uma coisa é certa: com Mundo Jurássico: Renascimento, realizado por Gareth Edwards, a partir de hoje nas salas de todo o mundo, chegamos ao sétimo título da série iniciada, em 1993, com o magnífico Parque Jurássico, de Steven Spielberg...
Convenhamos que os traumas do segundo filme da “franchise” foram há muito ultrapassados — até porque, neste caso, essa primeira sequela, O Mundo Perdido (1997), também com assinatura de Spielberg, era tão boa ou melhor que o capítulo inaugural. Na prática, os produtores já não sabem muito bem o que fazer para manter viva a mitologia cinematográfica dos dinossauros... Talvez por isso, alguém se lembrou de convidar David Koepp, argumentista dos dois títulos de Spielberg, com o seu nome ligado também, por exemplo, a diversos momentos da filmografia de Steven Soderbergh (incluindo o mais recente Black Bag).
Da aventura anterior, Mundo Jurássico: Domínio (2022), dirigida por Colin Trevorrow, provém a ideia (?) segundo a qual os dinossauros & afins estão a ser geneticamente manipulados para nascerem novos seres monstruosos... Seja como for, e ainda segundo a gíria, este é um filme que, embora integrando pressupostos temáticos do universo de Parque Jurássico/Mundo Jurássico, funciona como uma aventura isolada (“standalone film”). Ainda com uma outra diferença cujos efeitos práticos são banalmente “decorativos”: a heroína feminina deixou de ser Bryce Dallas Howard, cedendo o lugar a Scarlett Johansson, em mais uma escolha francamente infeliz (depois da comédia romântica Leva-me para a Lua, em 2024, que também produziu).
Enfim, desta vez o grupo de exploradores procura recolher algumas amostras de sangue dos animais, transfigurados de modo a parecerem saídos de uma versão grosseira de Godzilla (Gareth Edwards tem uma no seu historial...). De modo involuntariamente caricato, estamos muitos longe, quer dos filmes de Spielberg, quer do romance original de Michael Crichton... Em jogo está a possibilidade de fabricar um medicamento milagroso capaz de curar metade da humanidade e encher os cofres das farmacêuticas. Não desesperemos: há sempre uma boa alma que arrisca questionar o mercantilismo do negócio, o que, há que reconhecer, fica bem nas campanhas publicitárias e nas recomendações dos “influencers”...