sábado, fevereiro 08, 2020

Kirk Douglas (1916 - 2020)

Desvaneceu-se um dos derradeiros elos com a idade de ouro de Hollywood: Kirk Douglas faleceu no dia 5 de Fevereiro, em Beverly Hills — contava 103 anos.
Da austeridade das origens da sua família judaica, vinda da Rússia, ao estatuto de star, na dupla condição de actor e produtor, a trajectória de Kirk Douglas — de seu nome verdadeiro: Issur Danielovitch — ilustra a dinâmica de trabalho, e também a vocação utópica, da dimensão mais nobre de Hollywood. Eis cinco títulos para não esquecermos a sua frondosa trajectória artística.

>>> OUT OF THE PAST / O Arrependido (1947) — a máxima sofisticação da série B, com chancela do estúdio RKO; Robert Mitchum e Jane Greer lideram o elenco, pertencendo a realização a um mestre deste domínio: Jacques Tourneur.


>>> THE BAD AND THE BEAUTIFUL / Cativos do Mal (1952) — retrato intimista e épico dos bastidores de Hollywood, a partir da personagem de um produtor/ditador/sedutor, interpretado por Douglas — realização de Vincente Minnelli.


>>> LUST FOR LIFE / A Vida Apaixonada de Van Gogh (1956) — de novo sob a direcção de Minnelli, este é um retrato "contaminado" pelas cores e volumes da pintura, reinventando a própria noção de "biografia": um prodígio de sensualidade formal.


>>> STRANGERS WHEN WE MEET / Um Estranho na Minha Vida (1960) — sob a direcção de Richard Quine, contracenando com Kim Novak, este é um dos grandes (e muito esquecidos) melodramas de viragem dos anos 50/60, centrando-se nas convulsões de um adultério.


>>> THERE WAS A CROOKED MAN / O Réptil (1970) — um dos grandes "westerns" terminais, assinado por Joseph L. Mankiewicz; com um elenco exemplarmente clássico que inclui, entre outros, Henry Fonda, Warren Oates e Burgess Meredith.


Kirk Douglas foi nomeado três vezes para o Oscar de melhor actor — com Champion/O Grande Ídolo (1949), de Mark Robson, Cativos do Mal e A Vida Apaixonada de Van Gogh; nunca ganhou, vindo a receber, em 1996, uma distinção honorária da Academia de Hollywood. Publicou diversos livros de características auto-biográficas, com destaque para The Ragman's Son (1988), uma evocação das suas raízes familiares.

>>> Obituário em The Hollywood Reporter.
>>> Artigos de Kirk Douglas no HuffPost.