I. "Ninguém está acima da lei", lembrou Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, ao anunciar a abertura de um processo formal de investigação com vista à destituição [impeachment] do Presidente dos EUA, Donald Trump. Motivo: uma suposta tentativa de Trump em pressionar o presidente ucraniano a investigar o antigo vice-presidente Joe Biden [DN].
II. Primeiro: a presunção de inocência de Trump (como de qualquer cidadão que, por uma ou outra razão, é objecto de alguma investigação legal) não está em causa. Segundo: o resultado concreto deste processo está longe de poder ser antecipado, até porque cabe ao Senado decidir, por maioria de dois terços, a eventual demissão do presidente (recorde-se que o Partido Republicado é maioritário no Senado).
III. Uma coisa é certa: este novo facto político [video: New York Times] implica alguma reconversão de forças no interior da paisagem política americana, com incidências mais que prováveis na cena internacional. De uma maneira ou de outra, para o melhor ou para o pior, depois do impacto ambivalente do Relatório Mueller, a discussão sobre a legitimidade política de Trump deixou de ser um exercício estritamente moral — agora, mais do que nunca, a exigência ética exprime-se no plano institucional.