Talento tão discreto quanto multifacetado, foi um actor de prestígio em teatro e cinema: o francês Claude Rich faleceu no dia 20 de Julho, em Orgeval — contava 88 anos.
No Conservatório Nacional, enquanto estudante de arte dramática, integrou uma ilustre geração a que também pertencem, por exemplo, Jean Rochefort, Jean-Paul Belmondo, Jean-Pierre Marielle e Bruno Cremer. Passou pelo palco do Théâtre de la Renaissance, em Paris, tendo a sua estreia cinematográfica sob a direcção de René Clair, em As Grandes Manobras (1955). Rapidamente reconhecido como um excelente secundário, trabalhou de novo sob a direcção de Clair (Todo o Ouro do Mundo, 1961), e ainda Jean Renoir (O Cabo de Guerra, 1962) e Georges Lautner (Violência, Dinamite e Boas Maneiras, 1963). Depois de Onde está o Oscar? (1967), comédia de Édouard Molinaro com Louis de Funès, e A Noiva Estava de Luto (1968), drama policial de François Truffaut, Alain Resnais ofereceu-lhe, ainda em 1968, aquele que ficaria como um dos seus mais notáveis papéis: Je t'Aime, Je t'Aime [video], belíssimo melodrama com uma dimensão de ficção científica.
Cumprindo uma carreira cinematográfica de muitas dezenas de títulos, voltou regularmente ao teatro, nomeadamente em 1989, na peça Le Souper, de Jean-Claude Brisville — a respectiva versão cinematográfica, realizada por Molinaro em 1992, valeu-lhe o César de melhor actor — seria distinguido com um César honorário em 2002. A sua versatilidade levou-o sempre a mostrar disponibilidade para os papéis mais insólitos, incluindo o de Panoramix, em Astérix e Obélix: Missão Cleópatra (2002), de Alan Chabat. Ladygrey (2015), um filme de Alain Choquart sobre a herança do apartheid, na África do Sul, foi o seu derradeiro trabalho.
>>> Obituário no jornal Le Monde.