quarta-feira, junho 14, 2017

Anita Pallenberg (1944 - 2017)

Actriz, modelo, entrou para a história da cultura pop como "musa" dos Rolling Stones: Anita Pallenberg faleceu em Inglaterra, a 13 de Junho, de causas desconhecidas — contava 73 anos.
Nascida em Roma, de ascendência alemã, auto-definiu-se como um ícone dos sixties, circulando pela Factory de Andy Warhol, integrando o Living Theatre de Julian Beck e, por fim, envolvendo-se com os Stones, primeiro como breve companheira de Brian Jones (a relação terá acabado devido a um episódio, em Marrocos, em que Jones a agrediu), depois numa relação de mais de uma década com Keith Richards. Para algumas figuras mais próximas, Pallenberg sempre foi vista como uma influência muito directa no espírito criativo da banda e até no seu visual ao longo dos anos 60/70.
Estreou-se no cinema na Alemanha, em Mord und Totschlag (1967), sob a direcção de Volker Schlöndorff. Embora a sua filmografia inclua pouco mais de uma dezena de títulos, ficou ligada a momentos tão marcantes quanto Barbarella (1968), a aventura kitsch dirigida por Roger Vadim, Dillinger Morreu (1969), um thriller de estranho assombramento assinado por Marco Ferreri, e sobretudo Performance (1970), de Donald Cammell e Nicolas Roeg, com Mick Jagger, lendário objecto de culto da produção inglesa, reflectindo temas e tabus da época [trailer].


Em 1998, Madonna convidou-a para uma pequena figuração no teledisco de Drowned World/Substitute for Love, realizado por Walter A. Stern. Surgiria ainda em filmes como Mister Lonely (2007), de Harmony Korine, ou Histórias de Cabaret (2007), de Abel Ferrara; o seu derradeiro papel aconteceu em 4:44 Último Dia na Terra (2011), de novo sob a direcção de Ferrara.
Em Agosto de 2016, numa entrevista a Alain Elkann, aceitou falar da dimensão mais privada da sua existência, incluindo os graves problemas de dependência de drogas que enfrentou — em jeito de balanço, disse: "Estou pronta para morrer. Fiz imensas coisas. A minha mãe morreu aos 94 anos. Não quero perder a minha independência. Agora, já passei os 70 anos e, para falar verdade, não pensava viver depois dos 40."

>>> Obituário no New York Times.