As mais clássicas matrizes pop constituem uma espécie de padrão de vida a que é sempre possível regressar — como quem reafirma uma identidade que, favorecida ou não pelas modas, persiste na sua candura, depuração e clareza. Não sei se alguma vez diremos isso, com convicção, a propósito dos One Direction, precisamente um desses fenómenos cujas performances surgiram sempre enredadas na histeria da sua própria moda. O certo é que o primeiro álbum a solo de um dos seus elementos, Harry Styles, aí está, celebrando uma pop de eloquente e contagiante simplicidade.
Estará aqui o princípio de uma trajectória capaz de superar o ruído efémero dos hits? Ninguém sabe. A começar pelo próprio, por certo, nos seus 23 anos de serena demarcação dos muitos clichés que assombram a juventude — a pose da capa envolve fuga à imagem ou desejo de introspecção? Seja como for, vale a pena escutar este cartão de visita que, para evitar confusões, se chama tão só Harry Styles.
Eis duas interpretações em ambiente televisivo: Ever Since New York, no Saturday Night Live, e Sign of the Times, em The Graham Norton Show.