sábado, dezembro 24, 2016

Michèle Morgan (1920 - 2016)

Foi, durante o período clássico, um dos dos símbolos mais universais de uma sofisticação eminentemente francesa, cristalizada no apelo enigmático do seu olhar: a actriz Michèle Morgan faleceu no dia 20 de Dezembro, de causas naturais, em Meudon — contava 96 anos.
Em 1946, o filme Sinfonia Pastoral, de Jean Delannoy, valeu-lhe a consagração como melhor actriz no Festival de Cannes — foi a primeira edição do certame. Desde Quai des Brumes (1938), de Marcel Carné, ela era já uma das figuras de maior prestígio e popularidade da produção francesa, tendo começado a surgir, muito cedo, também em títulos de Hollywood como Joana de Paris (1942), de Robert Stevenson, ou Passagem para Marselha (1944), de Michael Curtiz.
Entre os seus papéis mais célebres, incluem-se ainda O Ídolo Caído (1948), de Carol Reed, Le Château de Verre (1950), de René Clément, Suspeita (1954), de Jean Delannoy, Napoleão (1955), de Sacha Guitry, e As Grandes Manobras (1955), de René Clair. Este último, em particular, ficou como marca exemplar de um certo romantismo clássico à la française, de algum modo secundarizado, e até esquecido, devido ao efeito crítico da Nova Vaga em relação aos valores mais tradicionais — foi um dos filmes em que Michèle Morgan contracenou com Gérard Philipe, sendo também um dos momentos emblemáticos dos primeiros anos da carreira de Brigitte Bardot [ver extracto]. Com uma actividade bastante mais reduzida a partir da década de 60, dedicou-se, em particular, à pintura; em 1977, publicou a autobiografia Avec Ces Yeux-là.


>>> Obituário no jornal Le Monde.