Duas personagens contemplam a Mona Lisa. Estamos no Museu do Louvre, claro, mas não no museu que pertence à museologia — trata-se do espaço revisto e reinventado por Aleksandr Sokurov na sua Francofonia, desafiando as fronteiras tradicionalmente desenhadas entre representação e coisa representada. Ou ainda: Napoleão e Marianne (a figura alegória da República Francesa) são tão artificiosos, e também tão reais, quanto a dama que está no quadro. O cinema reproduz, não as coisas como elas são, mas o que nós somos através do modo como as imaginamos.