Tudo começa na aproximação dos corpos, na intimidade ambígua que o cinema suscita, figura e proclama: o grande plano favorece essa noção moral, por excelência, que nos leva a pensar que estamos a mais, ao mesmo tempo que a nossa peculiar condição de espectadores nos permite o luxo de não irmos embora. Para Jerzy Skolimowski, a questão não se esgota aí, quanto mais não seja porque ele é também o cineasta que, ao fazer planos gerais, consegue fazer-nos sentir a mais perturbante proximidade sensorial com os elementos da cena. Ao filmar os olhos de Paulina Chapko, em 11 Minutos, Skolimowski celebra a imagem cinematográfica como um mapa onde, por assim dizer, se escreve a nitidez instável do real, a sua própria resistência a esgotar-se nas artes figurativas dos humanos. No cinema contemporâneo, não há muitos que preservem esta vocação ancestral do fotograma — não passar de um detalhe escolhido na profusão da vida vivida, mas possuir a imensidão envolvente de uma galáxia. Para quem é que ela está a olhar?