Terrence Malick está de volta — esta nota sobre Cavaleiro de Copas foi publicada no Diário de Notícias (3 Março), com o título 'No labirinto de Hollywood'.
Na sua nobre diversidade (muito anterior à discussão do assunto a propósito dos Oscars), o cinema americano, mesmo com a sua gigantesca máquina promocional, não sabe muito o que fazer com Terrence Malick... De tal modo que este Cavaleiro de Copas (Knight of Cups), ainda que contando com nomes como Christian Bale, Cate Blanchett ou Natalie Portman, só agora está a chegar às salas de muitos países (incluindo EUA e Portugal), mais de um ano após a sua revelação no Festival de Berlim.
Objecto de inclassificável fascínio, podemos, talvez, situá-lo como peça de uma trilogia que começa com A Árvore da Vida (2011) e A Essência do Amor (2012), discutindo os êxtases e limites de uma existência humana sempre tocada pela nostalgia de uma Natureza redentora, albergando no seu labirinto o rosto de um Deus que resiste à exposição. Ironicamente ou não, o motor dramático de tudo isto é a personagem de um argumentista de Hollywood (Bale), tentando descortinar uma lógica para a sua errância pelo mundo feminino — no cinema de Malick, são as mulheres que guardam o segredo do divino.