Batman v. Super-Homem: O Despertar da Justiça chegou às salas de todo o mundo — esta nota foi publicada no Diário de Notícias (24 Março), com o título 'Ben Affleck fechado no seu fato de borracha'.
Não simplifiquemos: desde os tempos heróicos de Georges Méliès (há mais de 100 anos!...) até ao presente, a história do cinema é indissociável dos célebres efeitos especiais (que, de facto, foram inventados pelo próprio Méliès). Acontece que, face a um apoteótico desastre como este Batman V. Superman, a inteligência criativa de Hollywood parece ter sido metodicamente destruída pelos técnicos e tecnocratas que confundem a complexidade de qualquer narrativa com a produção de explosões e ruídos ensurdecedores, dispensando qualquer atenção a personagens e situações.
Na prática, tentando rivalizar com a Marvel, a DC Comics consegue a proeza pouco invejável de destruir a riqueza simbólica e a energia espectacular de duas figuras, Batman e Super-Homem, que pertencem ao fascinante património da grande cultura popular made in USA. Além do mais, chega a ser penoso ver um actor tão dotado como Ben Affleck passar o tempo a tentar fazer algum gesto significativo no imobilismo cruel do seu fato de borracha...