segunda-feira, janeiro 04, 2016

Vilmos Zsigmond (1930 - 2016)

Notável director de fotografia ao longo de mais de meio século, Vilmos Zsigmond faleceu no dia 1 de Janeiro, em Big Sur, California — contava 85 anos.
No espaço de poucos dias, o mundo do cinema perdeu dois mestres das imagens: primeiro, Haskell Wexler, agora Zsigmond. Nascido na Hungria, Zsigmond estudou na Academia de Teatro e Cinema de Budapeste, tendo filmado, juntamente com o seu colega Lászlo Kóvacs (1933-2007), os eventos da Revolução de 1956, acontecimento pioneiro na contestação do poder soviético — ambos fariam parte dos mais de 200 mil refugiados que saíram do país.
Cidadão americano desde 1962, Zsigmond ganhou notoriedade em especial através do seu trabalho com o realizador Robert Altman (1925-2006), nomeadamente em A Noite Fez-se para Amar (1972), A Sombra do Duplo Amante (1972) e O Imenso Adeus (1973). Combinando uma invulgar capacidade de composição da iluminação artificial com uma delicada sensibilidade à luz natural, o seu prestígio consolidou-se através da direcção fotográfica de títulos como Fim-de-Semana Alucinante (1972), de John Boorman, O Espantalho (1973), de Jerry Schatzberg, Asfalto Quente (1974), de Steven Spielberg, Obsessão (1976), de Brian De Palma, e Encontros Imediatos do Terceiro Grau (1977), de novo com Spielberg — este último valeu-lhe um Oscar.
Foi nomeado mais três vezes, por O Caçador (1978), de Michael Cimino, O Rio (1984), de Mark Rydell, e A Dália Negra (2006), de De Palma. Na sua invulgar carreira, voltou a trabalhar com Cimino (As Portas do Céu, 1980) e De Palma (Blow Out, 1981; A Fogueira das Vaidades, 1990). Mais recentemente, colaborou três vezes com Woody Allen, em Melinda e Melinda (2004), O Sonho de Cassandra (2007) e Vais Conhecer o Homem dos Teus Sonhos (2010). Em 1999, a American Society of Cinematographers atribuiu-lhe um prémio de carreira. Em 2012, com o director de fotografia russo Yuri Neyman, fundou em Los Angeles o Global Cinematography Institute, organismo empenhado no ensino da arte fotográfica, em particular através do conhecimento das novas técnicas digitais.

>>> Vilmos Zsigmond a receber o Oscar ganho com Encontros Imediatos do Terceiro Grau (3 Abril 1978); depois, um exemplo da sua direcção fotográfica, em Fim de Semana Alucinante; em baixo, em diálogo com Yuri Neyman, no Global Cinematography Institute.






>>> Obituário no Variety.
>>> Vilmos Zsigmond na Internet Encyclopedia of Cinematographers.