sexta-feira, novembro 27, 2015

Novas edições: Baio

“The Names”
Glassnote
4 / 5

Longe dos ritmos de outras eras – nos sessentas lançavam-se muitas vezes dois álbuns por ano, nos setentas e oitentas o ritmo abrandou, mas manteve-se habitualmente coisa anual – os ciclos de vida dos discos fazem com que as longas temporadas de estrada e pausa afastem frequentemente por dois ou três anos entre si a edição de muitos álbuns de estúdio. E com os Vampire Weekend em pousio desde o lançamento do belíssimo Modern Vampires of The City, que os confirmou como uma das mais inspiradas bandas nova-ioquinas dos últimos dez anos, nada como estarmos atentos ao que, em nome próprio, ou entre colaborações, os seus elementos nos vão mostrando. Já encontramos o vocalista Ezra Koenig em várias parcerias, assim como vimos Rostam Batmangilj na pele de produtor ou até mesmo a dividir com Wesley Miles (dos Ra Ra Riot) a breve (mas bem estimulante) vida do projeto paralelo Discovery. Chris Baio, o baixsta do quarteto, tinha já editado alguns EPs em nome próprio. Mas é agora, com o álbum The Names que assinala a sua estreia a solo com um corpo de composições de maior fôlego.

Convém talvez lembrar que as vivências musicais de Chris Baio não se cingem ao universo revelado nos Vampire Weekend e que, antes de ter encontrado a banda entre colegas da Columbia University (onde estudou russo e matemática) tinha já integrado outras bandas e, sobretudo, trabalhado como DJ, apresentando-se como Baio. E foi por aí que começou a desenhar a sua discografia a solo em primeiros EPs editados em 2012 e 2013 onde deixava clara essa vontade em retomar uma relação mais próxima com a música de dança, terreno pouco evidente no universo Vampire Weekend.

Três anos depois dos “primeiros sintomas” revelados em Sunburn, a sua música encaminhou-se para os domínios da canção, mantendo as ferramentas electrónicas numa linha da frente do protagonismo instrumental, embora ensaiando ideias de uma pop mais luminosa, sem necessariamente procurar as soluções mais habituais nas suas experiências de música de dança. The Names é assim um ensaio de uma pop na verdade mais reflexiva que fisicamente expansiva, revelando sobretudo um gosto pela procura de uma assinatura de autor na procura dos sons e no cuidado da sua arrumação. É um disco de canções que escapam a modas e fórmulas, mas que revelam um ecletismo de quem somou experiências e vivências e agora procura entre elas fazer nascer uma voz própria. Há luzes e cores por aqui, uma voz que e molda às canções e que, mesmo sem ser coisa imponente ou nitidamente característica, encontra uma identidade no diálogo cuidado que estabelece entre a composição, a instrumentação e a produção. A leste dos ditados do hype indie e sem preocupações em seguir os sabores do momento em quaisquer outros domínios, e sem procurar uma caução nos Vampire Weekend (mas mantendo o sentido doce e leve da sua música), Baio faz deste The Names uma bela surpresa.