sexta-feira, outubro 30, 2015

Para ler: quarenta andares de caos
num clássico de J.G. Ballard

Hoje escrevo sobre o romance Arranha-Céus, de J.G. Ballard, na Máquina de Escrever. Fica aqui o parágrafo de abertura do texto:


Tratemos as coisas pelos nomes. E ao assinalarmos a edição, pela Elsinore, de Arranha-Céus, de J.G. Ballard – estando já confirmados lançamentos, pela mesma chancela, de novas traduções de Crash e Kingdom Come – observamos algo que hoje em dia, salvo pontuais exceções, representa uma rara aposta do panorama livreiro português numa obra de ficção científica. Ficção científica? Então não é este o autor de Império do Sol (do qual, por estes lados, muito mais gente terá visto a adaptação ao cinema que lido o livro)? E não era ele mesmo um escritor que não gostava desse “rótulo”? Respondendo por partes… Sim, é o autor de Império do Sol, livro que transpira vivências autobiográficas de memórias de infância quando, aos 13 anos de idade, e em plena II Guerra Mundial, Ballard se viu fechado, com os pais, num campo de prisioneiros japonês em solo chinês. E sim, como tantos outros autores, era avesso a rótulos. Mas a verdade é que ambas estas dúvidas apontam a uma verdade comum. A violência a que foi submetido muito jovem ter-lhe-á sacudido do horizonte, mais cedo do que o habitual, um sentido de descrença no homem e neste mundo que habitamos. E é inevitável acreditar que foram essas as vivências que dele fizeram um dos autores mais marcantes na construção de uma visão mais assombrada do futuro próximo, observando (não muito distante) o final do século XX como um tempo não de esperança e luz, mas antes o palco para o fim do sonho tecnológico. Com ele, e apesar de no passado terem já surgido distopias como O Admirável Mundo Novo de Huxley ou 1984 de Orwell, a melancolia tolda de outra forma toda uma série de visões. E sim, falamos de ficção científica.


Podem ler aqui o texto completo.