Missão Impossível chegou ao seu 5º episódio, porventura o que mais se aproxima da excelência do primeiro, dirigido por Beian De Palma em 1996 — este texto foi publicado no Diário de Notícias (13 Agosto), com o título 'Tom Cruise volta a desafiar o impossível'.
Como falar do novo episódio de Missão Impossível, com Tom Cruise? Como celebrar a sua invulgar energia sem sermos afectados pelos estilhaços de uma guerra “cinéfila” que tende a tratar a cinema americano em função de um maniqueísmo pueril que “obriga” a estar pró ou contra “tudo” o que nele se faz?
Isto porque, vale a pena recordá-lo, existe um muito antigo preconceito anti-crítica que continua a ter mais força que qualquer serena argumentação (ou simples evocação de factos). Assim, basta um crítico formular um juízo de valor menos positivo sobre um “blockbuster” de Verão para alguém vir proclamar que o fulano, insolente, está “contra o cinema americano”...
1996 |
Digamos que, quase vinte anos passados sobre o primeiro título da série, Missão Impossível (1996), brilhantemente realizado por Brian De Palma, não seria fácil manter a energia de um universo que, por vezes, pareceu ceder a um estilo mais próprio das aventuras de “super-heróis” — foi, sobretudo, o caso de Missão Impossível II (2000) e Missão Impossível 3 (2003), dirigidos por John Woo e J. J. Abrams, respectivamente. Curiosamente, em Missão Impossível: Operação Fantasma (2011), assistíramos a uma certa aproximação de uma exuberância visual que não era estranha ao mundo dos desenhos animados, por certo influenciada pela direcção de Brad Bird, responsável por filmes como The Incredibles – Os Super-Heróis (2004) e Ratatouille (2007).
O mínimo que se pode dizer do novo Missão Impossível: Nação Secreta é que, no plano temático, envolve um metódico regresso aos fundamentos deste universo. De facto, desta vez, Ethan Hunt e os seus fiéis companheiros do IMF (Impossible Missions Force) são confrontados com um misterioso “Sindicato” internacional que integrou agentes secretos das mais diversas origens, muitos deles dados como mortos ou desaparecidos... Dito de outro modo: muito à maneira da série televisiva original — de que se fizeram 171 episódios ao longo de sete temporadas (1966-1973) —, esta é uma aventura em que tudo pode ser uma simulação, num jogo de máscaras em que cada personagem oscila entre aquilo que é e aquilo que parece, entre a verdade da sua acção e a imagem que provoca nos outros.
2015 |
Seja como for, no centro do continuado impacto de Missão Impossível está um facto pouco comum na maior parte das correntes “franchises”: a permanência da personagem de Ethan Hunt é indissociável do regresso de Tom Cruise como intérprete. Aliás, em boa verdade, este é, desde o primeiro título, um projecto em que Cruise surge na dupla qualidade de actor e produtor.
Será que, já cinquentenário (nasceu a 3 de Julho de 1962), Cruise poderá continuar a assumir as atribulações de Ethan Hunt? Dizem as crónicas de rodagem que ele gosta de arriscar, em muitas cenas dispensando os habituais duplos. Além do mais, poucos dias depois da estreia mundial de Missão Impossível: Nação Secreta, Rob Moore, vice-presidente da Paramount, veio anunciar que o episódio nº 6 já começou a ser pensado. Data de Estreia? Junho ou Julho de 2017.