a. A agitação nas bolsas chinesas — o Libération (dia 25) titula mesmo: 'A grande ameaça da China' — surge como um novo fantasma, muito real segundo os especialistas [p. ex.: The Economist], capaz de (re)lançar a crise em todos os nossos modos de vida. Globalização. Ponto final.
b. O mais espantoso, quer dizer, o mais assustador é o facto de, a partir do lugar vulnerável do cidadão anónimo, apenas de vislumbrar o pânico e os seus ecos abstractos — uma vez mais. Dito de outro modo: vivemos num mundo comandado pelas histerias cíclicas de economia & finanças em que, em boa verdade, todos os dias deparamos com a sensação de uma trágica irrisão lançada sobre o jogo clássico da política. Como se já não houvesse políticos, mas apenas gestores da destruição gerada pelos "mercados".
c. Ao mesmo tempo, muitos especialistas económicos e financeiros (em pose jornalística, na maior parte dos casos) mantêm um discurso que se situa, ou acredita que se situa, numa perspectiva racional sobre todas estas atribulações. É um racionalismo que cultiva uma dramaturgia pueril: cada vez que os factos contrariam as suas teses, outra tese emerge, relançando a teoria do apocalipse — afinal, estão a falar de quê?