[ Viagem ao Princípio do Mundo ] [ O Quinto Império ]
Quando o fotógrafo Isaac (Ricardo Trêpa) regista a imagem da morta Angélica (Pilar López de Ayala), esta abre os olhos e sorri-lhe... Há, talvez, outra maneira de descrever tão fascinante fantasmagoria: para Manoel de Oliveira, a imagem não reproduz seja o que for, antes inventa um mundo alternativo em que, supremo romantismo, a morte possui a intensidade de um sorriso. Por alguma razão, o cineasta conservou este argumento ao longo de mais de meio século, nunca desistindo da sua concretização — O Estranho Caso de Angélica (2010) pode servir, assim, de porta (ou imagem) de entrada num universo em que a evidência material das coisas coabita com as utopias dos nossos desejos.