London Calling 2007 (parte 2)
(19 de fevereiro de 2007)
O alinhamento de 1961 foi seguido a rigor, acompanhado por orquestra de 40 elementos em palco, maestro sempre atento aos imprevistos de um Rufus que assumiu esta revisitação com segura pose informal. Interrompeu o alinhamento tantas vezes quantas Judy o fez, para contar histórias, naturalmente com o já tradicional filtro bom humor à la Wainwright. Porém, se a encenação foi informal (apesar da pompa da indumentária Viktor & Rolf criada para o momento), o concerto foi musicalmente competentíssimo, revelando, mesmo sob autocrítica de quem sabe que não tem voz para cantar jazz, que Rufus é magnífico intérprete em todas as frentes. E quando não se ajusta ao tom, o teatro do momento resolve a questão e a coisa acaba sempre consequente. Dividida em dois actos, a performance não só homenageou Judy Garland como celebrou a herançaa dos grandes musicais dos palcos da Broadway, do West End londrino e do cinema de Hollywood. Rogers & Hammerstein, Noel Coward ou George Gershwin foram autores convocados a um desfile de canções (25 no programa oficial, mais alguns "encores" by public demand), entre as quais se escutaram Puttin On The Ritz,Zing Went The Strings Of My Heart, Chicago, A Foggy Day In London Town ou o inevitável Over The Rainbow, o clímax esperado. Espantosa foi ainda a participação da mana Martha Wainwright, numa soberba versão de Stormy Weather. A outra convidada em palco foi Lorna Luft (filha de Judy Garland e Sidney Luft, portanto, meia irmã de Liza Minnelli), com quem Rufus cantou em dueto After You've Gone.
A sala, onde marcava presença a nata do showbiz londrino, aplaudiu de pé e não estranhou que, nem nos "encores", Rufus Wainwright tenha resistido à tentação de "contaminar" a noite com canções que não pudessem ter sido cantadas em 1961. Como o próprio cantou, a dada altura, durante o concerto: That's Entertainment!