Com o rochedo de Gibraltar por fundo e meros 16 quilómetros a separar África da Europa assim se define o espaço em que Daniel Monzón nos coloca perante duas rotas que, desde logo, imaginamos convergentes. De um lado um agente que há dois anos tenta desmantelar uma rede de traficantes. Do outro o jovem El Niño, reconhecido pelo seu talento (com a ajuda de motores) sobre as águas e que se aventura, por conta própria, no tráfego de um para o outro lado do estreito. Assim se lançam os dados para El Niño, o thriller (vitaminado em sequências de ação) de Monzón que hoje, pelas 21.30, abre no Cinema São Jorge a edição 2014 do Cinefiesta).
A luz daquela zona nas portas do Mediterrâneo, o casario branco e episódicas presenças do contexto social que serve de cenário às personagens são alguns dados importantes na construção de uma história de tráfico que não se esgota assim nas habituais corridas do gato e do rato, deixando clara que esta é não apenas uma narrativa do nosso tempo mas também daquele lugar.
O filme está construído segundo uma lógica em paralelo, alternando o foco de atenções entre o mundo do agente e o do traficante. Mais que convergentes a um eventual ponto final, as rotas são próximas e cruzam-se aqui e ali, dos encontros e desencontros, das perseguições e fugas, dos planos e suspeitas vivendo assim a respiração de um thriller sem intenções de ser mais que isso mesmo e que cativou plateias em Espanha.
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