terça-feira, dezembro 02, 2014

Novas edições:
Björk

“Biophilia Live”
One Little Indian
5 / 5

Com uma agenda de edições onde não costuma haver muitas surpresas, os finais de ano costumam abrir alas a retrospetivas, reedições e discos ao vivo. Entre os registos de palco têm surgido este ano uma série de registos de arquivo, a “quadra” que se aproxima tendo agora juntando algumas gravações mais recentes aos escaparates. Só esta semana surgem, entre outros, novos discos ao vivo de John Grant (dele aqui falámos ontem), Leonard Cohen e Björk. Fiquemos pela cantora islandesa por agora, para assinalar a chegada de um “pack” (2CD + DVD) onde se apresenta um retrato da sua mais recente digressão e do qual tivemos, por estes lados, contacto por ocasião da passagem do filme-concerto Biophillia Live. O filme, realizado por Nick Fenton e Peter Strickland, representa a pièce de résistence do DVD, colocando-nos (uma vez mais) frente a imagens da atuação no Alexandra Palace, em Londres, que assinalou o final da digressão. Ao lado, os dois CD asseguram a parcela áudio da edição. Em conjunto encerra-se um capítulo no qual, como em episódios anteriores, Björk juntou um conceito e uma demanda à vontade de fazer novas canções. Desta vez houve uma ideia a presidir ao conceito: a natureza. Ou, melhor ainda, o encontrar de formas para, instrumental e tematicamente, expressar diretamente a natureza em canções. Se entre os temas do álbum Biophilia (de 2011), que nos trouxe o seu mais interessante conjunto de canções desde os dias de Vespertine (2001), se exploravam já essas relações no mapa dos temas, no filme-concerto reparamos que não só havia já na construção instrumental uma busca de ligação igualmente focada para com a natureza e as possibilidades de geração de sons que o mundo natural pode oferecer à música. Explorando ora a força da gravidade, entre outras mais forças do mundo físico, as canções de Biophilia ganham com a sua apresentação em palco a capacidade de materializar as ideias que estão na sua origem, aproveitando (naturalmente) as potencialidades instrumentais chamadas a palco para reinventar alguns temas antigos (curiosamente com alguma atenção maior para com o alinhamento do álbum Post). Juntamente com um coro feminino e dois músicos, Björk tem neste disco (com DVD) o seu melhor retrato de palco até aqui registado.