Estreada pela English National Opera em 2011 e depois apresentada pelo Met em 2013, Two Boys assinala, e da melhor forma, a sua estreia neste patamar. Baseada em ecos de factos reais, Two Boys transportou para o mundo da ópera as formas de comunicação da era da Internet numa narrativa que, com o fulgor de um thriller, acompanhamos ao desenrolar de cada cena fazendo com que, mais que em muitas experiências operáticas, a vontade de conhecer o desfecho da história partilhe o protagonismo com a experiência musical que temos também pela nossa frente.
Pela leitura dos textos críticos feitos por alturas das estreias em Londres e Nova Iorque – e onde, felizmente, se está longe da unanimidade (e quase nunca a grande música foi unânime na hora do nascimento) – é-nos dada conta de uma cenografia que soube explorar a presença em palco dos ecrãs de computador. Mais entranhada ainda no corpo da ópera está a forma como o libreto de Craig Lucas se apropriou de formas de discurso características de chat rooms e trocas de mensagens – afinal o espaço de comunicação virtual, e sob nicknames, que corre na medula da narrativa e que servirá a descodificação do mistério de um incidente (um ataque com uma faca) que uma agente terá de resolver.
Musicalmente Nico Muhly persegue caminhos em sintonia com o que tem vindo a trabalhar na sua música orquestral e vocal, não sendo de todo descabidas algumas referências a figuras tutelares como as de Britten ou Adams que surgiram em algumas opiniões sobre a ópera quando estreou na ENO e no Met.
A edição em disco, pela Nonesuch, toma a produção do Met como palco para este que é o primeiro registo gravado da ópera. Paul Appelby e Alice Coote assinam os papéis principais, com David Robertson a dirigir a orquestra e o coro da Metropolitan Opera.