dBpm Records
3 / 5
Com quase 30 anos de carreira, sobretudo feita entre os Uncle Tupelo e, depois, os Wilco, Jeff Tweedy quase que chegou a lançar, finalmente, um disco a solo que, a princípio, foi pensado como coisa para voz e guitarra acústica, despindo assim as canções à essência de uma relação entre a escrita e a voz que a interpreta. Mas ainda não foi desta. Spencer Tweedy, o seu filho, começou por dar uma ajuda na bateria e em algumas das canções... E na hora de pensar o disco eram já uma banda a dois, para o nome não sendo necessário senão ver o que tinham em comum nos seus documentos: Tweedy. Contando com mais algumas colaborações em estúdio Sukierae não deixa de ser um espaço de expressão muito pessoal da arte de fazer canções (e de através delas assinar pequenos ensaios sobre o universo ao seu redor). Mas entre uma primeira parte (de um extenso alinhamento de 20 temas) animada com um mais evidente fulgor elétrico e uma segunda feita de uma mais tranquila placidez, o álbum é uma imponente coleção de canções de recorte clássico onde são evidentes as marcas de identidade que Jeff Tweedy tem expressado nos espaços onde tem trabalhado. Houve já quem ensaiasse alusões com as dimensões e visões de All Things Must Pass de George Harrisson (sendo que em Low Key não é de todo descabida a procura de eventuais afinidades com a música do ex-Beatle). Sukierae não é exatamente um monumento com a ambição majestática desse que é talvez o melhor álbum a solo de um ex-Beatle. Mas traduz uma vontade em ensaiar a voz (a que canta e a que escreve) para lá do espaço de uma banda sem contudo caminhar muito para lá de uma certa zona de conforto. O alinhamento ganhava contudo com uma seleção mais apertada, a extensão excessiva do corpo de canções representando o maior senão de um álbum a que não faltam belos momentos, mas que ganhava com uma concentração mais aprumada de temas.