Matador / Popstock
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Por decididamente marcante que tenha sido, há dez anos, o álbum de estreia dos Arcade Fire, não podemos ignorar que havia já antes uma saudável agitação indie no Canadá. E entre os nomes que então desenhavam ideias com pujança e personalidade contam-se os New Pornographers que, de certa forma, nasceram desde logo segundo o modelo do “supergrupo”. Não que os seus elementos fossem já grades vedetas, mas todos eles tinham já carreiras próprias, ali tendo encontrado um patamar como no qual têm vindo, disco após disco, a construir uma obra que reforça um gosto por um trabalho cénico intenso na construção de canções. Nomes como os de Neeko Case, Dan Bejar (a alma do projeto Destroyer) ou Carl. Newman são apenas algumas das vozes que cruzam ideias, escrita e canto na hora de trabalhar como New Pornographers. E, quatro anos depois de um disco no qual contaram com uma série de presenças de vulto – como Annie Clark (St. Vincent), Zach Condon (Beirut) ou Will Sheff (Okkervil River) – eis que regressam, sem “convidados” de luxo, para aquele que talvez seja o mais sólido dos seus discos e a sua melhor coleção de canções de sempre. Bill Bruisers é não apenas um álbum que contraria aquela noção de que só a tristeza e a dor alimentam a criatividade – aliás é, confessamente, um disco de efusiva manifestação de dias de alegria – como mostra, num quadro que aceita a partilha de várias vozes no microfone e a presença na escrita dos protagonismos de Newman (mais vezes presente) e Bejar, um alinhamento que define um saboroso corpo uno. Eletrónicas e guitarras unem-se a uma percussão bem definida em canções com sabor a hino que, mesmo chegando em fim de verão, não deixarão que o frio se instale por perto.