O documentário Our Vinyl Weighs a Ton, de Jeff Broadway, assinala hoje, pelas 21.00 horas, as honras de ser o filme de abertura da primeira edição do Muvi Lisboa, um festival de cinema que tem na mira da sua atenção a relação do cinema com a música. São cinco dias de filmes e eventos paralelos, com olhares repartidos entre o que nasce do lado de cá e do lado de lá das fronteiras, e com um espaço especial guardado também para a apresentação de telediscos.
Falámos com Filipe Pedro, um dos elementos do coletivo que organizou esta primeira edição do Muvi Lisboa.
O que motivou a criação com um festival com estas características? E porque o fazem desde logo com uma secção competitiva?
A ideia não é nova e noutros países há alguns anos que se fazem festivais com este tema, como o In-Edit. Em Portugal já houve o Vimus (Póvoa de Varzim). O Imago (Fundão) também tinha uma forte componente musical. O Curtas Vila do Conde também explora bem o filão videoclips.
Procurámos saber por que motivo o Vimus deixara de realizar. Nessa análise chegámos à conclusão que tínhamos de ser mais agregadores, expandir o conceito de nicho que o DocLisboa e o IndieLisboa exploram razoavelmente bem no documentário de música, mas deixar um certo elitismo de lado. Há simplesmente coisas em que não pegam. Nós temos um filtro de qualidade, mas não negamos o mainstream, faz parte da vida.
Para além de vídeos musicais e documentários com o tema música, o Muvi observou o que se produz nas biografias de músicos (biopics), nas curtas metragens temáticas e nos documentários históricos de música.
Inicialmente a nossa programação era mais completa, falámos com o realizador do Pulp, com os produtores de filmes do Nick Cave, Bjork e tantos outros. A concorrência com outros eventos nacionais é saudável (nomeadamente DocLisboa, que agarrou alguns destes filmes). Já a Internacional é algo injusta, caso do IDFA, na Holanda, que nos ficou com cinco filmes inscritos por exigir premieres europeias.
Acreditamos que faz sentido uma secção competitiva para lhe podermos chamar Festival com F maiúsculo. Mesmo assim houve secções que não conseguimos abrir, relacionadas com escolas (fresh) e filmes infantis (kids).
Procurámos saber por que motivo o Vimus deixara de realizar. Nessa análise chegámos à conclusão que tínhamos de ser mais agregadores, expandir o conceito de nicho que o DocLisboa e o IndieLisboa exploram razoavelmente bem no documentário de música, mas deixar um certo elitismo de lado. Há simplesmente coisas em que não pegam. Nós temos um filtro de qualidade, mas não negamos o mainstream, faz parte da vida.
Para além de vídeos musicais e documentários com o tema música, o Muvi observou o que se produz nas biografias de músicos (biopics), nas curtas metragens temáticas e nos documentários históricos de música.
Inicialmente a nossa programação era mais completa, falámos com o realizador do Pulp, com os produtores de filmes do Nick Cave, Bjork e tantos outros. A concorrência com outros eventos nacionais é saudável (nomeadamente DocLisboa, que agarrou alguns destes filmes). Já a Internacional é algo injusta, caso do IDFA, na Holanda, que nos ficou com cinco filmes inscritos por exigir premieres europeias.
Acreditamos que faz sentido uma secção competitiva para lhe podermos chamar Festival com F maiúsculo. Mesmo assim houve secções que não conseguimos abrir, relacionadas com escolas (fresh) e filmes infantis (kids).
O Muvi está atento essencialmente ao presente ou abre espaço à longa história de relacionamento da música com o cinema?O Muvi baseia-se no que se produz atualmente. São três dias competitivos muito fortes onde é possível ver parte do que melhor se produz nacional e internacionalmente. Há coisas de outros festivais, há videoclips de 2013, mas a maioria da produção é bastante fresca. Alguns dos filmes que vamos mostrar têm apenas dias.
Esses três dias de que falamos são a quarta, quinta e sexta. Sábado é um dia não competitivo, com lugar para retrospetivas e para mostrar filmes de qualidade que por um motivo ou outro não tiveram muito tempo de antena no nosso país. E domingo, o último dia, é tempo de mostrar os vencedores da competição.
Esses três dias de que falamos são a quarta, quinta e sexta. Sábado é um dia não competitivo, com lugar para retrospetivas e para mostrar filmes de qualidade que por um motivo ou outro não tiveram muito tempo de antena no nosso país. E domingo, o último dia, é tempo de mostrar os vencedores da competição.
Que importância tem o teledisco na história do cinema?
Até aos anos 80 não tinha grande relevo - e isso em Portugal ainda se nota um pouco nas escolas de cinema, o vídeo musical, o documentário de música e o biopic são sempre os parentes pobres, os filmes menores, aqueles que se recomendam aos alunos que não façam, há um óbvio preconceito.
Mas com a MTV e outros veículos de difusão musical, os telediscos ganharam vida, realizadores conceituados fizeram verdadeiras curtas com câmaras de cinema (como alguns vídeos do Michael Jackson ou da Madonna) e nos anos 90 passou a ser quase obrigatório passar pelos telediscos para se chegar à publicidade e ao cinema.
Algumas estéticas testadas nos telediscos foram depois usadas no cinema - passou a ser um meio de testar linguagens e novas tecnologias.
No Muvi dedicamos três sessões, quase 60 filmes, aos telediscos. Há um enorme oceano de coisas com qualidade. Vamos mostrar parte do que consideramos ser o melhor.
Mas com a MTV e outros veículos de difusão musical, os telediscos ganharam vida, realizadores conceituados fizeram verdadeiras curtas com câmaras de cinema (como alguns vídeos do Michael Jackson ou da Madonna) e nos anos 90 passou a ser quase obrigatório passar pelos telediscos para se chegar à publicidade e ao cinema.
Algumas estéticas testadas nos telediscos foram depois usadas no cinema - passou a ser um meio de testar linguagens e novas tecnologias.
No Muvi dedicamos três sessões, quase 60 filmes, aos telediscos. Há um enorme oceano de coisas com qualidade. Vamos mostrar parte do que consideramos ser o melhor.
O documentarismo musical é uma tendência evidente do nosso tempo. Como se explica a sua pujança atual?
E ainda tem espaço para crescer... Os documentários musicais ganharam os dois últimos óscares de melhor documentário. Regra geral o mundo da cultura dá boas histórias, bastidores de excessos, conflitos, conquistas. E depois o lado dos fãs. Quem gosta, gosta a sério e quer saber sempre mais e mais.
Em Portugal ainda há muito por fazer. Há novos talentos a eclodir, mas faltam apoios, falta um laboratório que apoie o "parente pobre", para que possa florescer, nomeadamente com o digital, que torna o processo mais económico e simples. Pretendemos dar o nosso singelo contributo para que isso aconteça.