segunda-feira, agosto 04, 2014

Ruby Rose: a fábula dos sexos


O Neutro não é uma média de activo e de passivo; antes será um vaivém, uma oscilação amoral, em resumo, e se assim se pode dizer: o contrário de uma antinomia. Como valor (proveniente da região Paixão), o Neutro corresponderia à força através da qual a prática social varre e irrealiza as antinomias escolásticas.

Roland Barthes
Edições 70 (Lisboa, 1976)

Ruby Rose — 28 anos, australiana — é uma artista multifacetada que, como modelo, criadora musical ou DJ televisiva, tem trabalhado sobre temáticas LGBT. De acordo com uma lógica pessoal muito particular, a ponto de, recentemente, se ter definido como "gender fluid" [o que poderíamos traduzir, embora de forma aproximada, como de género fluido]. Como ela diz, tende a acordar cada dia como alguém de "género neutro".
O seu pequeno filme (sublinho: filme, não teledisco) Break Free constitui uma prodigiosa e belíssima ilustração dessa indizível neutralidade, afinal capaz de integrar e, em última instância, celebrar todas as diferenças. Escrito, produzido e protagonizado por Ruby Rose, realizado por Phillip R. Lopez, contendo uma canção de Butterfly Boucher (It Pulls Me Under), nele se diz/mostra que a identidade é uma ficção que nos mobiliza até ao mais fundo do nosso ser. Ficção, entenda-se, não como banal artifício de encenação, antes como fábula íntima que, estranhamente, nos pode aproximar da verdade.


>>> Site oficial de Ruby Rose.